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JANIO DE FREITAS
Pingos e cifrões
Embora as tais "comissões"
cobradas pelo Movimento
dos Sem-Terra sejam um dos alvos relacionados, a urgente e
forte reação do governo à CPI
da reforma agrária, pretendida
pelos deputados donos de terras, elimina qualquer dúvida
sobre o lado que mais tem a temer com a verificação dos dados reais da reforma e com investigações das evidências de
corrupção em grande escala.
As acusações do ministro
Raul Jungmann à biografia do
deputado gaúcho Luis Carlos
Heinze, "direitista comprometido com o latifúndio", não invalidam os dados reunidos na Comissão de Agricultura da Câmara sobre a improbidade no
uso de verbas para reforma
agrária. Caso, por exemplo, da
fazenda comprada por um certo Nelson Ferriane, no Mato
Grosso do Sul, por menos de R$
400 mil em 98 e, já em 99, vendida ao Incra por quase R$ 900
mil, segundo o relatório do deputado que exaspera Jungmann.
Quem tanto tem falado contra a modesta contribuição de
agricultores ao seu movimento,
deve ao país melhor resposta,
para denúncias de desvio do dinheiro público em sua pasta, do
que reduzir o assunto a aspectos
pessoais. Inclusive porque a
bancada do direitismo ruralista
integra o bloco parlamentar governista, e toda a direita compõe a principal força aliada, no
Congresso, a Fernando Henrique Cardoso e seu governo.
A CPI pode ser uma boa solução para pôr os pingos e os cifrões nos lugares que lhes cabem, de fato.
Nosso também
Por erro meu, inexplicável
não fossem as contribuições da
computação, ao título da coluna de ontem seguiu-se um número, sugerindo outros artigos
no mesmo tema -o significado
das eleições americanas para o
Brasil.
Não há segundo artigo, embora o entusiasmo que as eleições
de lá me merecem. É admirável
que não precisemos sair, entrar
em fila e ir à urna para que seja
eleito o nosso governante supremo. Os americanos fazem tudo
isso por nós.
Uma criança
A luta entre a direita militar
israelense e os palestinos já está
reduzida pelo jornalismo - logo, pela opinião pública- a
mais uma vulgaridade bélica.
Há 15 dias, a morte de um menino de 12 anos, por um tiro assassino de soldado israelense,
comoveu em quase todas as primeiras páginas. Em Nablus, anteontem, outro soldado israelense assassinou um menino de
8 anos. Não foi assunto jornalístico. Por que haveria de ser, se
era só uma criança -inocente,
assustada, desprotegida?
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