São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

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Polícia vê prova de fraude em Ribeirão

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Civil informou ontem ter obtido provas da existência de um esquema de fraudes no contrato de limpeza pública no segundo mandato do ministro Antonio Palocci (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto.
O contrato de limpeza urbana em Ribeirão pertence, desde 1999, à Leão Leão. A empreiteira é acusada pelo seu ex-vice-presidente Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci, de ter pago propina de R$ 50 mil mensais a Palocci, entre 2001 e 2002, e a seu sucessor, Gilberto Maggioni (PT), até 2004.
"Temos tudo devidamente comprovado. Com prova documental, prova testemunhal. De 2001 a 2004, houve isso com certeza absoluta", afirmou o delegado seccional de Ribeirão, Benedito Antonio Valencise.
As provas foram obtidas, segundo a polícia, na apreensão de documentos realizada no Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) em agosto deste ano e, também, por meio de depoimentos de funcionários do departamento. Com esses elementos, Valencise afirma que existia um esquema "três por um" nos pagamentos feitos à Leão. "Se a nota era de R$ 500, pagava-se R$ 1.500", disse. "Eles [os funcionários ouvidos] tinham orientação para fazer isso", completou.
Segundo a Folha apurou, os funcionários ouvidos pela polícia apontaram a ex-superintendente Isabel Bordini como a responsável pela determinação de fraudar os números da limpeza.
De acordo com números do Daerp, em 2004 a prefeitura pagava para a Leão uma média mensal de R$ 1.073.353,80. O preço caiu neste ano para a média de R$ 656.675,76 (valor até junho) sem alteração no serviço e ainda com reajuste contratual de 7,12%.

Outro lado
Bordini informou, por meio de seus advogados, que todos os atos praticados por ela no Daerp "obedeceram rigorosamente às disposições legais então vigentes e os princípios gerais que norteiam a administração pública no Brasil".
A Leão afirmou que "está apurando as denúncias e atendendo às solicitações das autoridades competentes". "Caberá ao Poder Judiciário pronunciar-se sobre os fatos." O ministro da Fazenda foi procurado ontem para comentar o assunto, mas não respondeu.


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