São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

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CPI DOS BINGOS

Assassinato de Toninho do PT teve motivação política, afirma viúva

Lula Marques/Folha Imagem
Roseana Garcia, viúva de Toninho do PT, depõe à CPI dos Bingos


LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A psicóloga Roseana Garcia, viúva do prefeito morto de Campinas (SP) Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, reafirmou à CPI dos Bingos acreditar que o assassinato de seu marido foi político, provavelmente por ele ter contrariado interesses na prefeitura, e não crime comum, como concluiu a polícia de São Paulo.
Garcia disse ainda não saber de possíveis esquemas de arrecadação em prefeituras do PT para caixa dois. Porém, voltou a citar a possibilidade de que ordens para matar o prefeito de Santo André, Celso Daniel possam ter partido de pessoas de Campinas.
Filiada ao PT, Garcia disse não saber se continuará no partido, que criticou pela "falta de empenho" na apuração da morte de seu marido, em setembro de 2001. Após citar aos parlamentares que cobrou várias vezes a entrada da PF nas investigações sem ser atendida, ouviu do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que isso deve acontecer pela apuração de outro crime. "Por que não interessa a ninguém investigar a morte do Toninho nem a do ex-prefeito Celso Daniel?", questionou Garcia.
Segundo o senador, a PF ajudará nas investigações da ação da polícia de Campinas, realizada na cidade litorânea de Caraguatatuba (SP), que resultou na morte de dois suspeitos do assassinato de Toninho. A viúva suspeita que tenha havido queima de arquivo.
Mercadante disse que a PF não entrou no caso porque isso dependeria de uma determinação do juiz responsável. Procurada, a PF disse que encaminhará à Promotoria em Campinas um ofício se colocando à disposição. Os senadores da CPI devem votar hoje um ofício com o objetivo de apoiar a entrada da PF.
Para o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), as afirmações de Garcia apontam para a hipótese de que tenha havido crime político. "Está confirmado que houve tráfico de recursos públicos e possível envolvimento de bingos, lixo e transporte."
A viúva de Toninho disse que o marido contrariou interesse de "gente graúda" quando estava na prefeitura ao reduzir em 30% o contrato com a empresa responsável pelo lixo e ao deixar de conceder alvará de funcionamento a um bingo. Ela se emocionou ao relatar a tese de se tratar de "crime comum": "Quando a coisa é muito grande, muitos vão morrendo pelo caminho, tudo vai sendo abafado e isso é um desespero".
Ela reclamou de não ter havido reconstituição do crime, o que poderia derrubar a tese da polícia de que Toninho foi morto porque estava no local e na hora errados. Ele morreu a tiros ao sair de um shopping e teria atrapalhado a fuga de seqüestradores. Garcia disse que, à época, pediu ao então advogado Márcio Thomaz Bastos que assumisse o caso. "Ele comentou que aquilo não passava de uma peça de ficção."


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