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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ AVISO FEDERAL
Servidores reclamam de a instituição ter virado "bandeira política" do governo e de falta de estrutura; atos ocorreram em cinco Estados
PF protesta e diz não ser "moleques de recado"
MARCELO SALINAS
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Servidores da Polícia Federal fizeram ontem uma "paralisação
de advertência" em cinco Estados
para exigir melhores condições de
trabalho e para protestar contra o
uso político que, segundo os organizadores do ato, o governo federal vem fazendo da instituição.
Sem uma pauta de reivindicações específica, os líderes do protesto consideram que a PF está
sendo tratada como "moleque de
recado" pelo governo. Segundo
representantes sindicais dos servidores, a estrutura presente nas
megaoperações divulgadas pela
mídia não correspondem à realidade da instituição.
"Tem sido muito bom para o
governo usar a Polícia Federal como equilíbrio para o desgaste que
vem sofrendo. É raro um discurso
do presidente Lula em que ele não
cite as ações da PF. Mas como podemos dar seguimento às grandes
operações se há quatro peritos
disputando um computador?",
afirmou ontem o delegado Armando Coelho Neto, presidente
da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.
Seis entidades sindicais assinaram uma nota em que "denunciam a realidade da instituição"
(leia trechos nesta página).
Para Coelho Neto, a PF é vítima
da falta de estrutura em casos divulgados recentemente, como o
desaparecimento de 136 quilos de
cocaína da Superintendência da
Polícia Federal em São Paulo.
"Não há estrutura de controle
efetivo sobre os materiais apreendidos em operações, como armas,
drogas e contrabando, porque faltam peritos, computadores, sistemas de vigilância interna", disse
ele, que cobra uma sinalização
positiva do governo até o dia 15.
Até lá, segundo disse, estarão
em "estado de vigília" para articular com as bases um protesto nacional, caso não sejam atendidos
pelo Ministério da Justiça, que
não comentou a paralisação.
A "falta de estrutura" é exemplificada por Francisco Sabino, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal do Estado.
"Os policiais às vezes têm de contribuir com combustível, comprar a munição e a própria arma.
Usamos nossos próprios celulares
e temos de comprar o Nextel para
comunicação, porque, senão, ficamos ilhados. As imagens das
operações são lindas, mas não
correspondem à realidade, pelo
menos não aqui em São Paulo."
Enquanto isso, afirma ele, "o
Márcio Thomaz Bastos [ministro
da Justiça] inaugura uma delegacia na cidade natal dele [Cruzeiro,
interior de São Paulo]".
"Operação padrão"
Segundo os organizadores do
ato de ontem, houve paralisações
em São Paulo, no Rio de Janeiro,
no Espírito Santo, no Rio Grande
do Sul e em Alagoas. Na Superintendência Regional do Rio, o serviço de emissão de passaportes foi
interrompido à tarde. No aeroporto Santos Dumont, a "operação padrão" resultou em longas
filas. Nessa operação, segundo os
organizadores, os agentes fazem o
controle que deveria ser feito em
embarques e desembarques, mas
não acontece por falta de agentes.
Em São Paulo, foram realizados
protestos nos aeroportos de Guarulhos e de Congonhas. Em Guarulhos, o público não foi afetado,
pois o movimento de passageiros
foi baixo. Na Superintendência da
PF em São Paulo, onde há emissão de passaportes, os delegados
cruzaram os braços pela manhã.
Colaborou a Sucursal do Rio
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