|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula ensaia "novo centrão" e tenta levar Maggi para PSB
Presidente estimula troca-troca partidário e chama para si formação da sua base
PDT também é sondado para integrar aliança; PMDB aguarda filiação de Roseana Sarney, e Fernando Collor deve trocar PRTB pelo PTB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula diretamente
a sua maioria parlamentar no
Congresso com expedientes
que lembram o "Centrão" da
Assembléia Nacional Constituinte de 1987-1988.
O eixo do "centrão de Lula"
deve ser o PMDB. Terá, à direita, aliados do primeiro mandato enfraquecidos com a crise do
mensalão, como PP, PL e PTB.
O PT permanece com força no
campo da esquerda do "centrão", mas terá que dividir o estrelato também com legendas
de esquerda que cresceram politicamente, como o PSB.
"A meu ver, não haverá na
base parlamentar nenhuma diferença significativa, a não ser o
aumento da presença do
PMDB e, conseqüentemente, a
redução de postos do PT", afirma o cientista político Leôncio
Martins Rodrigues.
Diferentemente do primeiro
mandato, no qual abandonou
gradativamente o contato com
os Estados, desta vez Lula trabalha para assegurar o apoio de
pelo menos 17 dos 27 futuros
governadores. Eles serão vitais
para o sucesso da articulação, e
em troca deverão ganhar apoio
a seus pleitos e verbas federais.
O PDT, surpresa eleitoral em
outubro com dois governadores eleitos, também está sendo
atraído para a coalizão.
Isolado, o PT continuará a resistir ao inchaço. Lula costuma
dizer que o partido é "complicado", referindo-se a guerras
internas e a um certo "purismo" em relação à entrada de
novos quadros políticos, apesar
do mensalão e do dossiegate.
Um exemplo da formatação
do "centrão" foi dado ontem.
Partiu do presidente o convite
para que o governador reeleito
de Mato Grosso, Blairo Maggi
(PPS), se filie ao PSB. Maggi
apoiou Lula contra a orientação do PPS, que se aliou a Geraldo Alckmin (PSDB). O presidente do PSB e governador
eleito de Pernambuco, Eduardo Campos, já franqueou ao petista liberdade para convidar
políticos a integrar o partido.
Espécie de terror dos ambientalistas, o "rei da soja" Maggi dificilmente seria aceito no PT.
O "centrão" pretende absorver governadores, senadores e
deputados que sempre estão no
"partido do governo", qualquer
que seja o governo, pois dependem de cargos e verbas oficiais
para a sobrevivência política.
As portas do PMDB também
estão abertas a políticos que
queiram integrar o "centrão do
Lula", entre eles a senadora Roseana Sarney, que deixou o
PFL. O pai dela, José Sarney, é
um dos principais caciques do
"centrão". Desde 1998, quando
escreveu artigo em defesa da
honra pessoal de Lula, o petista
lhe é grato. Sarney apoiou Lula
em 2002, quando o PMDB
apoiou o tucano José Serra.
Antiga "persona non grata"
nos meios petistas, o senador
eleito Fernando Collor de Mello é outro exemplo de político
conservador que integrará a
base de apoio do petista. Collor
só aceitou deixar o PRTB pelo
PTB após ouvir do presidente
deste partido, Roberto Jefferson, que a sigla não faria oposição ao presidente Lula.
Colaborou MALU DELGADO ,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Saiba mais: Centrão deu mandato de 5 anos a Sarney Índice
|