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JUSTIÇA
Nos últimos 7 anos, cobrança recuperou só R$ 548 mil dos R$ 142 milhões devidos, isto é, 0,38% do total
Condenações do TCU são descumpridas
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Relatório de atividades do TCU
(Tribunal de Contas da União) demonstra que as condenações impostas pelo tribunal acabam sem
efeito.
A cobrança judicial das condenações recuperou apenas 0,38%
do total processado nos últimos
sete anos.
Do total de valores devidos (R$
142 milhões), houve o ressarcimento de apenas R$ 548 mil.
A cobrança administrativa, por
meio de citações e notificações,
também não tem alcançado bons
resultados.
Foram efetuados 541 recolhimentos no valor total de R$ 1,7
milhão desde 1992, atendendo a
169 condenações do Tribunal.
Quando o responsável não recolhe a importância devida após a
cobrança administrativa, é formalizado o processo de cobrança judicial da dívida, por intermédio da
AGU (Advogacia Geral da União).
Relatório
A Folha teve acesso a um trabalho analítico da atividade do TCU,
elaborado pela assessoria do Senado a partir de dados do relatório
de atividades do próprio tribunal.
Diz o documento que o TCU,
encarregado de fiscalizar os gastos
da União e os convênios do governo federal com Estados e municípios, tem se caracterizado como
uma instituição "cartorial e excessivamente morosa nas suas decisões".
O trabalho mostra que, dos 959
recursos e embargos apresentados
entre 1992 e 96, 213 (22%) ainda
não haviam sido julgados pelo tribunal em setembro de 97.
Existiam, inclusive, nove recursos interpostos no ano de 92 ainda
pendentes de julgamento pelo
TCU. Dos 213 recursos pendentes
de apreciação, 138 (64%) referem-se a recursos de consideração, que têm efeito suspensivo.
O tribunal aplica com pouca frequência as sanções administrativas legalmente previstas.
No período de 1993 a 96, o TCU
condenou 3.651 responsáveis, tendo considerado como graves apenas duas infrações cometidas. Os
condenados eram entidades privadas.
Morosidade
O trabalho do Senado conclui
que as diversas competências conferidas pela Constituição ao TCU
vêm sendo submetidas a uma
mesma sistemática de decisão por
colegiados (plenário e câmaras), o
que resulta em morosidade e excesso de formalidade do processo.
Entre as causas do fraco desempenho do tribunal estaria, segundo o documento, o processo eminentemente político de indicação
dos ministros, o que seria determinante das constantes discrepâncias entre as conclusões dos
órgãos técnicos e as decisões finais
dos colegiados.
Dois terços dos ministros são indicados pelo Congresso e um terço
é indicado pelo presidente da República. O TCU tem hoje em seis
ex-parlamentares como ministros.
Outro lado
A assessoria de imprensa do Tribunal de Contas da União afirma
que a cobrança judicial não é responsabilidade do tribunal, mas
sim da Advogacia Geral da União
(AGU). A assessoria do TCU confirmou os números apresentados
pela assessoria do Senado.
A assessoria da AGU diz que há
atraso no ressarcimento dos valores devidos porque os condenados
geralmente contestam o resultado
dos julgamentos, apresentando
recursos ou embargos na Justiça.
A cobrança judicial teria sido intensificada, porém, após a implantação da Advogacia Geral,
ocorrida em 1993.
Em 94, segundo a assessoria da
AGU, houve o ressarcimento de
R$ 348 mil (3,14% dos valores devidos).
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