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ROLO TRIBUTÁRIO
Em troca de aprovação, texto da reforma acertado ontem no Senado permite incentivo a projetos estaduais
Governo usa investimento como "moeda"
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fim de aprovar a primeira parte da reforma tributária neste ano,
o governo assegurou não só os incentivos fiscais já concedidos pelos Estados para atrair empreendimentos, mas também investimentos em negociações que nem
sequer saíram do papel, como a
construção de uma siderúrgica no
Maranhão em associação com capitais asiáticos.
O texto aprovado ontem por representantes dos partidos da situação e da oposição no Senado
ratificou o prazo de 11 anos, a partir da promulgação definitiva da
emenda tributária, para a vigência
dos incentivos e benefícios fiscais
concedidos pelos Estados.
Novos incentivos poderão ser
concedidos até a promulgação
definitiva, o que dependerá da
aprovação na Câmara a partir do
próximo ano. Mas os projetos terão de ser submetidos ao crivo
dos senadores, com exceção dos
chamados projetos de "fomento
industrial de natureza estruturante, assim entendido aqueles destinados à indústria siderúrgica, refinaria de petróleo, petroquímica
e montadora automobilística".
Trata-se de uma solução dos senadores para atender situações
específicas, caso de uma siderúrgica que está sendo negociada pelo governo do Maranhão com
parceiros asiáticos e da refinaria
que a Petrobras deve construir no
Nordeste. Os incentivos concedidos a partir de 1999 para a instalação da Ford na Bahia também foram assegurados pelo texto.
Um fato curioso ocorreu ontem
durante a reunião dos líderes para
dar a forma final à nova versão da
reforma tributária. Os artigos e
parágrafos referentes à guerra fiscal foram redigidos pelo secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Arno Augustin,
e pelo secretário da Fazenda da
Bahia, Alberto Mascarenhas. Os
dois estiveram no centro da disputa travada entre o Rio Grande
do Sul e a Bahia para ficar com a
montadora da Ford.
Oposição
O passivo da guerra fiscal foi o
último item acertado entre os senadores, mas a votação da reforma tributária no plenário, na próxima quinta-feira, ainda não está
inteiramente assegurada. O líder
do PFL, José Agripino (RN), disse
que a sigla ainda tem demandas a
apresentar, entre as quais o fim da
cobrança da Cofins sobre produtos importados.
Agripino afirmou que vai exigir
o cumprimento dos prazos de tramitação regimentais caso o PFL
não seja atendido. Se levar adiante
o propósito, o PFL pode adiar a
votação para os últimos dias do
ano ou até mesmo para janeiro.
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