São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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GOVERNO LULA

Petistas não abrem mão de presidência da Assembléia Legislativa

PT paulista veta acordo de apoio mútuo com Alckmin

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo transformou-se no maior entrave para que a direção nacional do partido sele com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) um acordo segundo o qual os tucanos paulistas apoiariam o deputado petista João Paulo Cunha na disputa pela presidência da Câmara.
O líder do PT na Assembléia, deputado Carlinhos Almeida, marcou para o próximo dia 20 uma reunião com a bancada do partido no qual promete apresentar um nome petista para concorrer à presidência da Casa.
A exemplo do que ocorre na Câmara dos Deputados, por ter a maior bancada do Legislativo paulista, o PT afirma ter o direito de ficar com a presidência.
Os tucanos, de seu lado, têm a maior bancada de composição -com o apoio do PFL- e dizem que o partido só apoiará em bloco João Paulo se ficar com a presidência do Legislativo paulista e com o controle das principais comissões da Casa.
A meta do PSDB é ter o controle sobre pelo menos cinco comissões na Assembléia -constituição e justiça, planejamento, finanças, habitação e agricultura- consideradas fundamentais para o perfil empreendedor que Alckmin pretende dar a seu governo no Estado.
Pela proposta tucana, os petistas manteriam o direito de escolher o primeiro secretário, cargo hoje ocupado pelo deputado estadual Hamilton Pereira.
O PT paulista não aceita e diz que não deixará os tucanos montarem um rolo compressor na Casa, o que fortaleceria o projeto do PSDB paulista de lançar Alckmin como pré-candidato à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Há resistências do PT também quanto ao nome que seria da preferência do governador para presidir a Assembléia, o do deputado Edson Aparecido, presidente estadual do PSDB.
"As negociações das presidências da Assembléia e da Câmara são coisas separadas, não devem ter um tratamento conjuntural", disse Almeida, um dos nomes mais cotados no partido para ser o candidato a presidente.
Em Minas Gerais, o governador Aécio Neves (PSDB) praticamente acertou com os deputados federais tucanos o apoio à candidatura de João Paulo Cunha. Em troca, o PT, que também tem a maior bancada no Legislativo do Estado, deixará a presidência da Assembléia nas mãos dos tucanos.

Divisão
O PSDB paulista tem 11 deputados federais e também parece estar dividido quanto à proposta do governador. "São Paulo é uma coisa, Brasília, outra. Acho que a presidência da Câmara vai ficar com o PT, mas não sei se é possível condicionar os apoios", disse a deputada federal eleita Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que defende uma postura forte de oposição a Lula.
A eleição para presidência da Assembléia de São Paulo será no dia 15 de março. O PT elegeu 23 deputados estaduais, cinco a mais que os tucanos.
O interlocutor do PT nas negociações é o próprio presidente do partido, José Genoino, que tem se encontrado com o governador paulista para costurar o acordo. Hoje, João Paulo Cunha estará em São Paulo e também poderá se reunir com Geraldo Alckmin ou com o secretário da Casa Civil, Arnaldo Madeira.
Para aproximar o PSDB paulista do PT na Câmara, Alckmin também quer um compromisso dos petistas de que não farão uma oposição radical a seu governo, como ocorreu no último mandato. "Vamos trabalhar do mesmo jeito. Não vejo motivos para amenizar", disse Almeida.
O governador quer, por exemplo, apoio do PT à reforma da previdência estadual.


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