São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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AGENDA SOCIAL

Primeira parada de ministros será na Vila Irmã Dulce, em Teresina

Caravana de Lula começa em reduto de petistas no Piauí

Lula Marques/Folha Imagem
TERESINA Meninas regam horta que o presidente Lula visitará hoje com a caravana de ministros


LEILA SUWWAN
ENVIADA ESPECIAL A TERESINA

A Vila Irmã Dulce, primeira parada da caravana da miséria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu ministério, é um tradicional reduto petista de Teresina (PI) que rejeita o rótulo de favela.
Além disso, não é considerado o bairro mais pobre de Teresina, o que foge à promessa inicial do presidente de levar o alto escalão para conhecer a fome e a miséria do semi-árido brasileiro.
Hoje o presidente irá percorrer um trecho de 400 metros previamente demarcado, passando por uma escola municipal, uma horta comunitária e um posto de segurança. Deve ouvir de moradores no percurso que o maior problema é a falta de emprego e esgoto, não a fome e a miséria absoluta.
À tarde, Lula e 30 ministros da comitiva seguem para Recife, onde visitam a favela de palafita Brasília Teimosa. De lá, irão a Itinga, no Vale do Jequitinhonha (MG).
O governo do Piauí reconhece que a pobreza não foi o principal critério de escolha do ponto de partida da caravana. A vila conta, por exemplo, com abastecimento de água e energia.
Segundo a assessoria do prefeito Firmino Filho (PSDB), o local já é atendido por programas sociais como o bolsa-escola, bolsa-alimentação, vale-gás, saúde da família e agentes comunitários.
"Nossa comunidade tem um planejamento. É uma vila, não uma favela. Não vivemos amontoados em casebres. Temos programas sociais, mas eles são insuficientes", afirmou José Levy de Almeida Lima, presidente do Grêmio da Vila Irmã Dulce. Ele nega comparações com outros bairros de Teresina, como a Vila do Avião, onde as casas de taipa estão espalhadas por morros e ainda não há assistência social.
Segundo ele, a maioria dos moradores é de eleitores petistas porque o partido apoiou a luta pela posse da terra, invadida em 1988.
"Comparado com favelas do Rio e de São Paulo, é mais higiênico e estruturado, mas a qualidade de vida é pior", diz Roberto John, secretário estadual de Assistência Social. Segundo a assessoria do governador Welington Dias (PT), o local foi escolhido pelo simbolismo, por ser uma das maiores favelas da América Latina e porque abriga migrantes do interior que sofreram com a seca. Segundo o Estado, a vila tem 30 mil habitantes. A prefeitura considera que vivem ali 16 mil pessoas.

Moradores
O esquema de segurança contará com pelo menos 250 policiais militares, além de apoio do Exército e policiais federais. Todos os moradores foram identificados, para permitir que Lula escolha, na hora, com quem quer falar.
Regilane da Conceição, 23, que mora em uma das mais humildes casas de taipa do trajeto disse que pretende "pensar para não falar muita bobagem com o Lula".
Quando desembarcar hoje no aeroporto de Teresina, o presidente Lula deverá enfrentar um protesto de servidores estaduais. Será a primeira manifestação da administração do governador petista do Piauí, Wellington Dias.
Organizado pelo Sindespi (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Piauí) e apoiado pela CUT, o protesto será contra a ameaça de demissão, por determinação judicial, de cerca de 10 mil servidores estaduais -4.000 da Saúde. A expectativa dos organizadores é reunir mais de mil pessoas.

Colaborou ALESSANDRA KORMANN, da Agência Folha


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