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Falta dinheiro,
dizem prefeitos
da enviada especial
A maior queixa dos prefeitos em
relação à descentralização de políticas públicas é que a transferência
de recursos financeiros de Estados
e da União não acompanhou o ritmo de crescimento da transferência de encargos.
Pesquisa realizada pelo Ibam
(Instituo Brasileiro de Administração Municipal) entre 89 e 95
mostra que a receita média dos
5.507 municípios brasileiros cresceu 161,7% em valores absolutos.
A arrecadação própria cresceu
321%, as transferências constitucionais, 184%, e outras receitas
(como empréstimos), 50%.
Como metade da receita total dos
municípios vem das transferências, o aumento em ritmo menor
que o esperado deixou as prefeituras em situação fiscal delicada.
"O crescimento da arrecadação
própria acima de 300% não compensa o aumento lento dos repasses constitucionais, porque só 12%
da receita dos municípios vêm dos
tributos locais", diz o economista
François Bremaeker, do Ibam.
A arrecadação própria é baixa
porque os impostos municipais
-o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o ISS (Imposto
sobre Serviços)- são eminentemente urbanos, e apenas 500 dos
5.507 municípios brasileiros têm
perfil mais urbano que rural.
Outro problema é que o repasse
da execução de programas que antes eram efetuados pelos Estados e
pela União nem sempre traz atrelada a garantia de que os recursos
serão mantidos.
É o que acontece, por exemplo,
com a descentralização da gestão
do SUS (Sistema Único de Saúde).
Até agora, só 440 municípios já
assumiram a responsabilidade total pela gestão da saúde. O número
poderia ser bem maior se as prefeituras tivessem certeza de que os recursos seriam repassados em dia
pelo Ministério da Saúde.
"Há de fato muita insegurança
sobre a regularidade no repasse
dos recursos. Mas esse problema
só será resolvido quando houver
uma fonte de financiamento fixo
para a saúde, como a educação",
diz Barjas Negri, secretário-executivo do Ministério da Saúde.
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