São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RETÓRICA OFICIAL

Crescimento econômico -anunciado desde maio de 2003- impulsionará os projetos, segundo o presidente

Apesar de bloqueio, Lula promete ampliar programas

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A S. JOSÉ DOS CAMPOS

Três dias após o governo ter anunciado um contingenciamento de cerca de R$ 6,5 bilhões no Orçamento 2004, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem, em São José dos Campos (SP), que irá ampliar os programas sociais neste ano. Ele vinculou o aumento do número de assistidos a uma retomada do crescimento econômico, prometida desde o ano passado.
"O governo vai ampliar cada vez mais o número de beneficiados pela transferência de renda do Bolsa-Família e continuar executando programas e ações para combater as causas profundas da fome e da extrema pobreza no nosso país. Neste ano, a retomada do crescimento econômico e a geração de empregos vão impulsionar e muito esse trabalho", disse.
Ao lado de sete ministros, deputados e empresários, Lula participou do lançamento de um novo avião na fábrica da Embraer. O presidente pediu ajuda da iniciativa privada para o social. "Para isso [ampliação dos programas sociais], os investimentos e a contribuição de empresas como a Embraer são essenciais", afirmou.
A direção da Embraer entregou ontem R$ 270 mil ao Fome Zero. Segundo a empresa e o governo, até o final do ano, as doações devem chegar ao equivalente em dinheiro a 800 mil kg de alimentos.
A fórmula encontrada pela empresa para as doações foi vinculá-las às suas exportações, mais precisamente ao peso dos passageiros que cada aeronave comporta.
"Eu só espero que os passageiros que entrem nos aviões da Embraer sejam todos bem gordos para que possamos receber muito mais alimentos. [A Embraer] Vai utilizar uma forma que eu considero muito original, dar a contribuição ao programa em função da quantidade de passageiros que voarem nos aviões da Embraer."

Macacão
O discurso de Lula ontem, na festa de lançamento do jato Embraer-190, com capacidade para cem passageiros -o maior avião comercial já produzido no Brasil-, durou pouco mais de 20 minutos e fugiu do improviso.
O presidente parabenizou e agradeceu à Embraer ao afirmar que ela era "uma das empresas que mais contribuíram para o formidável saldo de US$ 25 bilhões da nossa balança comercial no ano passado". Junto de Lula estavam os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), José Viegas (Defesa), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional).
Segundo Lula, ele só não veste o macacão da empresa no exterior "porque o protocolo não permite". "Mas sou testemunha de que o ministro Celso Amorim [Relações Exteriores], o ministro Furlan e outros ministros que me acompanharam nesta viagem trabalham como se fossem garotos-propaganda da Embraer."
Apesar dos elogios de Lula, o presidente da empresa, Maurício Botelho, afirmou, em entrevista, que a Embraer não foi procurada pelo Planalto sobre a compra de um de seus aviões pelo governo.
A idéia seria substituir um dos "Sucatinhas", que fazem as viagens com trajetos curtos, por aviões da família Embraer-170.
Em São Paulo, onde Lula esteve após a cerimônia em São José dos Campos, o ex-assessor especial da Presidência, Oded Grajew, também falou a respeito do crescimento econômico.
"Ele [Lula] sabe, todo mundo sabe que só o crescimento não é suficiente. [...] É crescimento com distribuição de renda e distribuição de renda com crescimento. Então, a questão da distribuição de renda é fundamental", afirmou o ex-assessor.
O empresário, ligado à área social, deixou o cargo no governo no final do ano passado. Ele era o responsável pela mobilização social do empresariado.


Colaborou JULIA DUAILIBI, da Reportagem Local

Texto Anterior: Palocci acalma PT e libera verba para emendas
Próximo Texto: Pedidos de avião somam US$ 30 bi
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.