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RETÓRICA OFICIAL
Crescimento econômico -anunciado desde maio de 2003- impulsionará os projetos, segundo o presidente
Apesar de bloqueio, Lula promete ampliar programas
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A S. JOSÉ DOS CAMPOS
Três dias após o governo ter
anunciado um contingenciamento de cerca de R$ 6,5 bilhões no
Orçamento 2004, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou,
ontem, em São José dos Campos
(SP), que irá ampliar os programas sociais neste ano. Ele vinculou o aumento do número de assistidos a uma retomada do crescimento econômico, prometida
desde o ano passado.
"O governo vai ampliar cada vez
mais o número de beneficiados
pela transferência de renda do
Bolsa-Família e continuar executando programas e ações para
combater as causas profundas da
fome e da extrema pobreza no
nosso país. Neste ano, a retomada
do crescimento econômico e a geração de empregos vão impulsionar e muito esse trabalho", disse.
Ao lado de sete ministros, deputados e empresários, Lula participou do lançamento de um novo
avião na fábrica da Embraer. O
presidente pediu ajuda da iniciativa privada para o social. "Para isso [ampliação dos programas sociais], os investimentos e a contribuição de empresas como a Embraer são essenciais", afirmou.
A direção da Embraer entregou
ontem R$ 270 mil ao Fome Zero.
Segundo a empresa e o governo,
até o final do ano, as doações devem chegar ao equivalente em dinheiro a 800 mil kg de alimentos.
A fórmula encontrada pela empresa para as doações foi vinculá-las às suas exportações, mais precisamente ao peso dos passageiros que cada aeronave comporta.
"Eu só espero que os passageiros que entrem nos aviões da Embraer sejam todos bem gordos para que possamos receber muito
mais alimentos. [A Embraer] Vai
utilizar uma forma que eu considero muito original, dar a contribuição ao programa em função
da quantidade de passageiros que
voarem nos aviões da Embraer."
Macacão
O discurso de Lula ontem, na
festa de lançamento do jato Embraer-190, com capacidade para
cem passageiros -o maior avião
comercial já produzido no Brasil-, durou pouco mais de 20 minutos e fugiu do improviso.
O presidente parabenizou e
agradeceu à Embraer ao afirmar
que ela era "uma das empresas
que mais contribuíram para o formidável saldo de US$ 25 bilhões
da nossa balança comercial no
ano passado". Junto de Lula estavam os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda), José Viegas (Defesa), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Jorge Félix (Gabinete de
Segurança Institucional).
Segundo Lula, ele só não veste o
macacão da empresa no exterior
"porque o protocolo não permite". "Mas sou testemunha de que
o ministro Celso Amorim [Relações Exteriores], o ministro Furlan e outros ministros que me
acompanharam nesta viagem trabalham como se fossem garotos-propaganda da Embraer."
Apesar dos elogios de Lula, o
presidente da empresa, Maurício
Botelho, afirmou, em entrevista,
que a Embraer não foi procurada
pelo Planalto sobre a compra de
um de seus aviões pelo governo.
A idéia seria substituir um dos
"Sucatinhas", que fazem as viagens com trajetos curtos, por
aviões da família Embraer-170.
Em São Paulo, onde Lula esteve
após a cerimônia em São José dos
Campos, o ex-assessor especial da
Presidência, Oded Grajew, também falou a respeito do crescimento econômico.
"Ele [Lula] sabe, todo mundo
sabe que só o crescimento não é
suficiente. [...] É crescimento com
distribuição de renda e distribuição de renda com crescimento.
Então, a questão da distribuição
de renda é fundamental", afirmou
o ex-assessor.
O empresário, ligado à área social, deixou o cargo no governo
no final do ano passado. Ele era o
responsável pela mobilização social do empresariado.
Colaborou JULIA DUAILIBI, da Reportagem Local
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