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JANIO DE FREITAS
Os aniversariantes
Sejam quais forem os verdadeiros motivos dos condutores do PT para dispensar uma
comemoração histórica hoje, como se esperaria de um partido
popular que chega a um quarto
de século, a decisão já estava
previamente justificada, e não
de pouco tempo. A celebração
íntima entre uns poucos da cúpula partidária e do governo,
quase como um aniversário em
família, é muito mais apropriada. Não por discrição, que os 25
anos de um partido de massas
não a requereriam. Por uma razão que se impõe a todo o partido e reflete muito além dele: o
PT foi privatizado por um pequeno grupo, que o conduz e
utiliza sem levar em consideração, seja para o que for, o corpo
partidário.
O populismo assistencialista,
ou meramente caritativo, do governo petista é mais do que uma
modalidade de conservadorismo. É populismo com tonalidade direitista, não muito diferente, na essência, do que foi praticado por um Adhemar de Barros, para exemplificar. O que
tem o PT a ver com tal populismo? Ninguém encontraria jamais, por tênue que fosse, uma
conexão entre os dois. É em nome do PT e dos petistas, no entanto, que o governo pratica o
populismo assistencialista.
Ao assumir o governo, a cúpula do PT pôs em prática, sem nenhum tipo de consulta ou outra
consideração ao corpo partidário, um conjunto de políticas
que renegam o próprio petismo.
Ao primeiro sinal de fidelidade
às idéias e à história partidárias, a cúpula organizou a imediata condenação à pena capital na política - a expulsão. O
terror se instituiu como método
de condução partidária, na relação com as representações do
petismo na Câmara, no Senado,
nas Assembléias e nos diretórios
regionais. Que o digam a hoje
prefeita Luizianne, de Fortaleza, o derrotado Raul Pont em
Porto Alegre, agora mesmo o
deputado Virgílio Guimarães,
que responde, como candidato
avulso à presidência da Câmara, à arbitrariedade trapaceira
que o alijou da indicação pela
bancada.
A democracia petista foi-se. Os
petistas têm muita dificuldade
de percebê-lo, mas o que o grupo
privatizador do PT pratica é tê-los como massa de manobra. A
analogia parecerá talvez exagerada, mas o PT, de tanta originalidade no passado, em sua
prática política de hoje em dia
começa a lembrar a sujeição da
Arena e do PDS. Ouvir José Genoino e os líderes parlamentares
do PT, justificando tudo o que
repeliram na vida toda, é ouvir
outra vez, freqüentemente até
com as mesmas palavras, os "líderes" arenistas que tudo deviam justificar.
O PT ficou mais velho do que
a sua idade.
Criado como alternativa para
a esquerda alheia ao PCB, o PT
privatizado se tornou uma alternativa cômoda e rentável para a direita.
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