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CAIXEGO
R$ 5 milhões desaparecidos há um ano e quatro meses são depositados em conta da Fazenda Pública
Dinheiro desviado reaparece em Goiás
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Um ano e quatro meses após terem sumido de forma misteriosa,
reapareceram em Goiânia, no dia
3 deste mês, na conta da Fazenda
Pública Estadual, os R$ 5 milhões
desviados da Caixego (Caixa Econômica de Goiás).
Denúncia do Ministério Público
Estadual afirma que o dinheiro foi
desviado para a campanha do
PMDB nas eleições de 1998. O
principal acusado é o coordenador da campanha, Otoniel Carneiro, suplente e irmão do senador Iris Rezende (PMDB-GO).
Assim como o sumiço, a devolução do dinheiro está envolta em
mistério. Há uma semana, foi depositado na conta da Fazenda Pública na agência central do Bradesco em Goiânia, pelo ex-subprocurador-geral do Estado Isaías
Carlos da Silva, que teria participado do desvio em 1998.
Em ação apresentada à Fazenda
Pública, Silva disse que fez o depósito a pedido dos advogados
que fecharam um acordo entre a
Caixego e seus ex-funcionários
naquele ano. O acordo teria sido
armado para possibilitar o desvio
do dinheiro, segundo diz a denúncia do Ministério Público.
A Caixego havia sido liquidada
judicialmente. Por meio de ação
trabalhista, 124 ex-funcionários
da empresa obtiveram o direito
de receber R$ 10 milhões pelas
rescisões contratuais.
Um grupo de advogados convenceu os ex-funcionários a aceitar apenas R$ 2,5 milhões. A mesma quantia teria sido distribuída
entre os advogados, entre eles
Isaías da Silva.
O dinheiro teria sido entregue
agora a Silva pelo advogado Valdemar Zaidem, que também participou do acordo e recebeu um
cheque de R$ 5 milhões na época.
Zaidem negou ontem que tenha
entregue os R$ 5 milhões a Silva e
reafirmou que jamais viu esse dinheiro. Disse que endossou o cheque na época do acordo e que o
dinheiro teria sido entregue ao liquidante da Caixego, Edivaldo
Andrade.
O Ministério Público apurou
que Andrade descontou o cheque
de R$ 5 milhões, em dinheiro vivo, na tesouraria central do BEG,
no dia 21 de outubro de 1998.
Acondicionou as 92.250 cédulas
de R$ 100 e R$ 50 em quatro caixas e depositou-as no porta-malas de um Ômega de cor escura
que estava estacionado em frente
ao banco.
Segundo o Ministério Público, o
dinheiro teria sido entregue a Geraldo Bibiano, coordenador financeiro da campanha do PMDB,
e repassado à coordenação geral
da campanha, que estava a cargo
de Otoniel Carneiro.
Andrade teve prisão preventiva
decretada em 29 de janeiro do ano
passado. Em 5 de março de 99,
Carneiro foi preso. Ambos foram
soltos no dia 10 de março do ano
passado.
Zaidem confirma que recebeu
apenas cerca de R$ 400 mil pela
participação no acordo. "Não tenho a menor idéia de onde surgiram os R$ 5 milhões. É estranho
que surja às vésperas das eleições
municipais, para limpar o nome
de políticos", disse.
O presidente do PMDB de
Goiás, senador Mauro Miranda,
afirmou ontem que o surgimento
do dinheiro "prova que Otoniel e
o PMDB não tiveram nenhuma
participação no episódio".
O advogado de Carneiro, Ney
Teles, disse que vai pedir que o
Ministério Público exclua o seu
cliente da denúncia feita à Justiça.
O processo está paralisado porque o Tribunal de Justiça ainda
não decidiu qual vara será encarregada do caso.
A procuradora Leudelina Angélica Campanhalo, do Ministério
Público Estadual, afirmou ontem
que o surgimento do dinheiro
não encerra o caso. Corrigido pela
inflação, o desvio seria de R$ 5,49
milhões hoje. Corrigido pela poupança, estaria em R$ 5,8 milhões.
Incêndio
Em abril de 99, cerca de um milhão de documentos do arquivo-geral do BEG foram destruídos
por um incêndio. Houve suspeita
de que o ato teria sido criminoso,
porém a maior parte dos documentos relativos ao caso já havia
sido anexada ao processo ou já teria sido microfilmada.
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