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MARCHA A BRASÍLIA
2.000 representantes municipais se reúnem com governo a partir de amanhã; pressão por recursos marca encontro
Prefeitos levam pacote de pedidos a Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A partir de amanhã, mais de
2.000 prefeitos, vereadores e secretários municipais chegam a
Brasília com um pacote de pedidos para pressionar o governo a
liberar recursos para investimentos e discutir uma agenda que inclui desde a flexibilização do acesso ao crédito até a manutenção do
Bolsa-Renda. Eles participarão,
até quinta, da 6ª Marcha a Brasília
em Defesa dos Municípios.
Segundo o prefeito de Vitória e
coordenador da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Luiz Paulo
Vellozo Lucas (PSDB), a intenção
não é transformar a marcha em
"um vale de lamentações". "Vai
ter muita chiadeira. Caberá ao governo responder a isso. Não posso
proibir manifestações dessa natureza. Mas a idéia é avançar numa
agenda de questões estruturais e
discutir o pacto federativo", disse.
Apesar da intenção de Vellozo
Lucas em discutir o pacto federativo, o que deve prevalecer é justamente a "chiadeira" dos prefeitos
para questões pontuais.
É o caso do Bolsa-Renda, programa criado no governo passado
para atender às vítimas da seca no
Nordeste. O atual governo anunciou que vai suspender o programa a partir de abril. A análise técnica é que está começando a chover no semi-árido.
Inconformado com o anúncio
do fim do Bolsa-Renda, o presidente da Associação de Prefeitos
do Piauí e prefeito de Itainópolis,
José Maia Filho (PPB), irá a Brasília participar do encontro com
uma missão específica: levará
uma comissão de prefeitos nordestinos para tentar evitar a suspensão do programa.
Segundo Maia Filho, o Bolsa-Renda beneficia 220 mil famílias
do Estado alcançando 196 dos 222
municípios do Piauí. O Fome Zero, por enquanto, só está presente
em duas cidades, Guaribas e
Acauã, com verbas de R$ 50 mil.
Itainópolis tem 10.400 habitantes e mensalmente recebe do Bolsa-Renda R$ 30 mil, quase 10% de
seu orçamento. "A insatisfação é
generalizada. Nossa idéia é que o
Fome Zero venha acrescentar e
não reduzir benefícios", disse.
Três pontos
Vellozo Lucas avalia que três
pontos principais precisam ser
debatidos: mudanças na regra de
acesso ao crédito (dando tratamento diferenciado a municípios
saudáveis do ponto de vista fiscal), criação de um sistema único
de segurança (integrando União,
Estados e municípios) e revisão
da legislação fundiária (transferindo o patrimônio da União para
os demais entes da federação).
Organizada pela CNM (Confederação Nacional de Municípios),
além da FNP, a marcha será aberta em uma sessão solene com a
presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a CNM, as reformas
estruturais (principalmente previdenciária e tributária), o saneamento financeiro dos municípios,
a Lei de Responsabilidade Fiscal, a
seca, além de problemas relativos
à saúde, educação e agricultura
são pontos emergenciais na discussão com o governo federal.
Eles estão trazendo um pacote
com 45 itens que consideram
prioritários para a discussão.
Os ministros Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social), Antonio Palocci
(Fazenda) e Ricardo Berzoini
(Previdência) participam dos debates do primeiro dia. Na pauta
estão as reformas previdenciária e
tributária. No segundo dia serão
realizados debates setoriais.
No último dia, Olívio Dutra (Cidades) e José Graziano (Segurança Alimentar) tratarão de políticas locais para implantação do
Fome Zero e de uma nova relação
entre governo e municípios.
(JULIANNA SOFIA E ANDRÉA MICHAEL)
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