São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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GOVERNO EM DISPUTA

Tensão foi gerada por documento petista

Palocci e Genoino almoçam juntos para colocar um fim a mal-estar

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e o presidente do PT, José Genoino, almoçaram ontem em Brasília para aparar arestas e colocar fim ao mal-estar em setores do governo causado pela nota do partido que pediu "mudanças" na política econômica.
"Para mim nunca houve crise. Por isso, está mais do que superado [o mal-estar]. Temos papéis diferentes, ele no governo, eu no partido, mas temos sintonia", disse Genoino, para quem o almoço teve clima "cordial e tranqüilo".
A Folha apurou, porém, que o clima entre os dois estava ruim. No domingo, Palocci telefonou para Genoino. Foi seco. Deixou claro que não tinha gostado da nota e convidou o presidente do PT para um encontro em Brasília.
Palocci fez o convite a Genoino atendendo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No sábado, Lula telefonou para o líder petista demonstrando insatisfação com a nota divulgada pela Executiva do partido na última sexta. O presidente fez isso após ouvir reclamação de Palocci na sexta.
Ontem, em reunião da cúpula do governo, Lula sinalizou que considera superado o episódio. Apesar de ter ficado contrariado com a crítica pública, o presidente avalia que ela não causou estrago profundo porque não teve repercussão no mercado financeiro.
Na visão de Lula, o mais preocupante é o clima de disputa que tomou conta do governo desde que o ministro José Dirceu (Casa Civil), enfraquecido pelo caso Waldomiro Diniz, tentou transferir parte da crise a Palocci. O presidente atuará para colocar fim a esse clima entre Palocci e Dirceu.
O almoço entre Genoino e Palocci deve tornar mais ameno o tom das divergências do PT e de parte do próprio governo com a política econômica do ministro.
Na avaliação de Lula, melhor que bater de frente com o PT é tentar ganhá-lo. Assim, Palocci deverá dar mais atenção aos dirigentes petistas, sobretudo os moderados. "É absolutamente natural o partido ter as suas opiniões. O presidente e o ministro compreendem isso", disse Genoino.


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