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REFORMA MINISTERIAL
Presidente conversa com João Paulo sobre Coordenação Política
Lula propõe três ministérios
ao PMDB por apoio em 2006
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversa com a cúpula do
PMDB, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ofereceu ontem a
Previdência ao senador Romero
Jucá (RO) e a Integração Nacional
ao atual ministro das Comunicações, deputado federal Eunício
Oliveira (CE), em troca de aliança
oficial do partido com o PT para
sua reeleição em 2006.
Na reunião, disse ao ex-presidente do Senado José Sarney
(PMDB-AP) que sua filha, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA),
seria ministra, mas não definiu a
pasta. Se nomeada, Roseana vai
para o PMDB, ainda que não seja
imediatamente. Caso o PMDB se
comprometa mais com o governo, Lula cumprirá o acerto, deslocando Ciro Gomes da Integração
Nacional para a pasta da Saúde.
Lula já se entendeu com Ciro a
respeito dessa articulação.
Uma possibilidade para Roseana é o Ministério das Cidades,
apesar da dificuldade que Lula
manifesta nas reuniões em tirar
Olívio Dutra do posto.
Após o encontro com o PMDB,
Lula recebeu o presidente do PTB,
Roberto Jefferson (RJ), e o ministro do Turismo, o deputado federal petebista Walfrido Mares Guia
(MG). Repetiu a proposta de
aliança para sua reeleição.
Lula disse a Walfrido que o cogitava para Planejamento, mas
perguntou se o partido confirmava o desejo manifestado ao ministro José Dirceu (Casa Civil) de
continuar com Turismo. Jefferson e Mares Guia disseram que
sim. Lula, então, respondeu que
ele continuaria no Turismo, excluindo a pasta de mudanças, e
prometeu dar uma estatal ao partido -cogita-se a Transpetro,
subsidiária da Petrobras. Os petebistas disseram ainda que vão
apoiar oficialmente a candidatura
Lula em outubro do ano que vem.
O PTB sonha em filiar Ciro ao
partido e ter duas pastas.
Na seqüência do PMDB e do
PTB, Lula chamou no final da noite o ex-presidente da Câmara
João Paulo Cunha (PT-SP) para
conversar. A tendência era nomeá-lo para a pasta da Coordenação Política, em substituição a Aldo Rebelo, que deverá ser remanejado para outro ministério ou
virar líder do governo na Câmara.
Lula, porém, disse ontem que ainda poderia devolver à Coordenação Política à Casa Civil de José
Dirceu. Nesse cenário, João Paulo
poderia ir para o Trabalho ou ser
líder do governo na Câmara.
Hoje será a vez de o governo
tentar se acertar com o PP, fortalecido pela eleição de Severino
Cavalcanti (PE) para presidente
da Câmara, derrotando o petista
Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
A negociação com os pepistas,
coordenada por Dirceu, anda
complicada. Há dificuldade para
achar uma pasta para o partido
(cogita-se Comunicações) e um
nome da legenda que o governo
aceite. Ontem, falou-se no nome
do embaixador José Botafogo
Gonçalves como indicação do PP
para o ministério.
Mirando na reeleição
Além de cobrar mais apoio do
PMDB ao governo, principalmente da bancada de 91 deputados, e o compromisso em torno
de sua reeleição, Lula disse aos
peemedebistas estar disposto a
discutir alianças entre o PT e o
PMDB nos Estados, onde também quer alianças com o PTB.
Lula decidiu amarrar a reforma
ministerial à sua reeleição para
evitar que partidos que hoje o
apóiam total ou parcialmente, como é o caso do PMDB, caminhem
para eventual aliança com os oposicionistas PSDB e PFL em 2006,
quando haverá pleitos para presidente, governos dos Estados, um
terço dos 81 senadores, deputados
federais e deputados estaduais.
Ao se entender bem com o
PMDB e o PTB (49 deputados),
Lula discute com o PP (51 deputados) em melhor condição. Ainda
ganha tempo e evita negociações
apenas do chamado varejo político (apoio no Congresso).
O presidente quer o PMDB porque o partido é forte, enraizado
nacionalmente. Com o PTB, que
chegou a apoiar o governo FHC,
solidifica aliança ao centro e à direita, campos nos quais atuam
hoje tucanos e pefelistas.
"O presidente disse que queria o
PMDB na aliança eleitoral de
2006", disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Para ele, a reforma será anunciada
na semana que vem.
Hoje, o PMDB está dividido entre governistas e oposicionistas.
Para que a sigla apóie Lula oficialmente, será preciso trabalho de
recomposição entre as correntes
que tende a ser complicado, mas
não impossível. Alguns oposicionistas apoiaram Lula em 2002.
O racha do PMDB ficou evidente na convenção nacional de dezembro, na qual a ala oposicionista aprovou a saída da base de sustentação do governo. Desde então, há guerra jurídica na qual se
sucedem fatos positivos ora para
um lado, ora para outro.
Renan ficou encarregado de
consultar as diversas alas do partido para voltar a conversar com
Lula. Segundo o líder do governo,
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que participou da reunião
ontem no Planalto, Lula propôs
ao PMDB "compromisso político
de longo prazo".
Hoje, o PMDB tem Comunicações, comandada por Eunício, e
Previdência, nas mãos do senador
Amir Lando (RO), que deverá ser
alojado numa vaga no TCU (Tribunal de Contas da União).
Dirceu, encarregado por Lula de
sondagens, teve conversas ontem
com Roseana e Eunício. Em reunião anteontem à noite na Granja
do Torto, Lula ouviu de seus principais ministros, por exemplo, a
sugestão de tirar Humberto Costa
da Saúde e dar a pasta a Ciro.
(KENNEDY ALENCAR, FERNANDA KRAKOVICS, FERNANDO RODRIGUES E VALDO
CRUZ)
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