DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 200 trabalhadores rurais ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizaram, ontem, um protesto na Fazenda Canadá, em Vitória de Santo Antão (a 51 km de Recife). A propriedade pertence à empresa Avestruz Master e possui cerca de 90 hectares.
Os manifestantes derrubaram a cerca e a placa com propaganda da Avestruz Master que ficava em frente à fazenda e deram água para os 400 avestruzes que vivem no local. O propósito do ato foi, segundo o MST, "chamar a atenção para a situação dos trabalhadores da fazenda e dos animais".
Um dos líderes do movimento, Alexandre Conceição, disse que os trabalhadores da fazenda não recebem salários há quatro meses e que os animais estão sem água e comida. Os administradores da fazenda não foram localizados para comentar a declaração.
Segundo Conceição, o MST vai solicitar ao Incra que faça uma vistoria da área para desapropriação com fins de reforma agrária.
No Ceará, um grupo de sem-terra ligado ao MST e à Fetraece (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará) invadiu ontem uma fazenda. A Uruanam, com 11 mil hectares, é produtiva, segundo o Incra, mas já vinha sendo reivindicada pelos sem-terra para desapropriação.

Pesquisa
Pesquisa Ibope divulgada ontem pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) revelou que 31% dos entrevistados consideram o governo federal o principal responsável pelos conflitos fundiários do país. Na seqüência, os entrevistados responsabilizaram sem-terra (16%), fazendeiros (15%) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (11%).
Ontem, ruralistas ouvidos pela reportagem atacaram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disseram haver "conivência" do Planalto diante da ação de anteontem que danificou instalações da Aracruz Celulose (RS).
No levantamento, realizado com 2.002 pessoas entre 16 e 20 de fevereiro -antes da atual onda de ações-, 67% dos entrevistados avaliam que o governo não tem controle diante das invasões.