São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

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36% dos prédios que Bancoop lançou não saíram do papel

Entidade diz que projetos foram "descontinuados por falta de interesse dos cooperados"

Dilma defende João Vaccari Neto, novo tesoureiro do PT e presidente licenciado da Bancoop: "As pessoas têm o direito de se defender", disse


Marcelo Justo/Folha Imagem
Diante de prédio inacabado da Bancoop na zona norte de SP, a dona de casa Elizabeth Lorena Orinochi mostra boletos de pagamentos feitos à cooperativa

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Prédios inacabados e centenas de ações de cobrança na Justiça são as consequências mais visíveis do rombo nos cofres da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), entidade investigada pelo Ministério Público de São Paulo, sob a suspeita de desvio de recursos para seus ex-dirigentes e para o PT.
No final da semana passada, o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público do Estado de São Paulo, pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal do novo tesoureiro do PT, o sindicalista João Vaccari Neto, investigado por supostos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e apropriação indébita quando estava no comando da Bancoop.
Dos 53 empreendimentos já lançados pela Bancoop, 19 nem saíram do papel. Cinco deles foram transferidos para outras construtoras. Para associações de cooperados, a corrupção levou o dinheiro das obras. Para a direção da entidade, os projetos foram "descontinuados por falta de interesse de cooperados".
Há outros dez empreendimentos inacabados. Parte dos proprietários luta na Justiça para obrigar a Bancoop a terminar os prédios de acordo com os contratos que assinaram.
Uma outra parte se defende de centenas de ações de cobrança promovidas pela Bancoop, que muitas vezes superam o valor original dos contratos. Segundo as associações, a cooperativa vem perdendo quase todas as ações.
Uma dessas pessoas é a boliviana Elizabeth Lorena Orinochi, que em 2003 assinou um contrato para adquirir um apartamento de três dormitórios em São Paulo, avaliado, na época, em cerca de R$ 85 mil.
Em julho de 2007, ao ver que o prédio nem tinha começado a ser construído, parou de pagar, depois de, afirma ela, ter desembolsado R$ 78 mil. As cartas de cobrança vieram em seguida, sobre uma dívida estimada em R$ 25 mil. Hoje, mora de aluguel com o marido e as três filhas, enquanto aguarda o desfecho na Justiça.
De acordo com a Bancoop, os cooperados assinaram contratos com a entidade assumindo o risco de que os empreendimentos poderiam custar mais que o previsto. A entidade nega que tenha havido desvios.

Dilma
Ontem, em Brasília, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, defendeu Vaccari. "As pessoas têm o direito de se defender antes de serem condenadas, acusadas e, de fato, afastadas." A ministra, porém, disse que haverá tesoureiros diferentes para a campanha presidencial e para o partido.

Colaboraram a Redação e a Sucursal de Brasília



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