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CRISE NO RIO
Partidos da base de Garotinho não aceitam ex-collorido na direção da companhia de habitação
PT e PDT querem demissão de Cunha
da Sucursal do Rio
Depois da demissão, sábado, do
secretário de Justiça Antônio Oliboni, dirigentes do PDT e do PT
do Rio pressionaram ontem pela
saída de Eduardo Cunha, presidente da Cehab (Companhia Estadual da Habitação), do governo
de Anthony Garotinho (PDT).
Cunha, que pertenceu ao PRN
do ex-presidente Fernando Collor
de Mello, foi indicado para a Cehab pelo deputado federal Francisco Silva (PST), dono da rádio
evangélica Melodia.
Ele é acusado de favorecer a empresa paranaense Grande Piso, do
também ex-collorido Roberto
Sass, em quatro licitações do conjunto Nova Sepetiba, o maior projeto habitacional do Estado. As
obras do conjunto foram paralisadas pela Justiça depois que a Folha revelou, no mês passado, que
não tinham licença ambiental.
No fim da tarde, o prefeito do
Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), disse que Garotinho já estaria "tomando providências" e iria demitir Cunha. Mas a notícia não foi
confirmada pela assessoria do governador.
O presidente da Cehab disse à
Folha que não pretende pedir demissão. "Não está em meus planos", afirmou. "Mas o cargo pertence ao governador. Só ele é o
juiz da minha permanência ou
não." Cunha considera que está
sendo alvo de "patrulhamento
ideológico" e afirma ter provado,
em relatório enviado a Garotinho,
que todas as denúncias contra ele
"são inconsistentes".
"O governador Anthony Garotinho errou quando chamou o
presidente da Cehab para trabalhar com ele. Cunha tem um currículo incompatível com o governo pedetista. Uma pessoa que já
trabalhou para Collor não poderia estar no PDT", disse o deputado federal pedetista Vivaldo Barbosa, ligado ao presidente nacional do partido, Leonel Brizola.
A mesma posição foi defendida
por Carlos Lupi (PDT), secretário
de Governo. "Ele (Cunha) deve
sair para acabar com o constrangimento que está causando para o
governo. Se Cunha não tomar a
iniciativa de pedir para sair, Garotinho pode e deve demiti-lo, sob
pena de ficar numa situação muito difícil", afirmou.
O deputado estadual Carlos
Minc (PT) e William Campos, vice-presidente do diretório municipal petista -ambos da corrente
Articulação, que ocupa três secretarias no governo estadual-
também pediram a saída do presidente da Cehab.
"O governador deverá fazer
uma faxina geral no governo para
acabar com a corrupção, começando com a saída de Eduardo
Cunha e Rafik Louzada (chefe da
Polícia Civil)", disse Minc.
Outro ponto que vai contra o
presidente da Cehab são suas relações com Jorge la Salvia, ex-procurador de Paulo César Farias.
Como representante da empresa
Caci, La Salvia ganhou duas licitações para prestar serviços de informática à Cehab -uma delas
está agora sendo questionada judicialmente.
A saída de Antônio Oliboni,
anunciada no início da noite de
sábado, foi a primeira consequência concreta das denúncias que
envolvem o primeiro escalão do
governo do Rio. O ex-secretário
de Justiça foi acusado de favorecer a empresa Brasal, única fornecedora de refeições aos presídios e
delegacias do Estado.
Oliboni foi advogado da Brasal
e, como subsecretário de Justiça,
prorrogou duas vezes, ano passado, sem licitação, o contrato da
empresa com o governo.
Como mostrou a Folha, a Brasal
cobra R$ 8,90 por duas refeições
servidas diariamente aos 15 mil
presos do Estado, preço superior
ao pago em São Paulo, em Minas
Gerais e no Rio Grande do Sul.
O Conselho Político do PDT se
reúne hoje de manhã para discutir a questão. O deputado Miro
Teixeira (PDT-RJ) afirmou ontem que, se o governador não
aceitar as propostas do partido, o
PDT vai pedir desculpas à população e sair do governo.
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