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RUMO A 2002
Em encontro reservado, petistas debatem lições da crise argentina e candidatura Serra pelo bloco governista
Lula reúne PT e discute sucessão de FHC
FLÁVIA DE LEON
DA REPORTAGEM LOCAL
O virtual candidato do PT a presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, convocou ontem
parte expressiva da cúpula do
partido para discutir a conjuntura
política nacional e preparar um
calendário de seminários temáticos que devem servir como laboratório para o programa de governo petista em 2002.
A reunião, sigilosa, foi realizada
no Instituto Cidadania, do PT. O
senador Eduardo Suplicy (SP),
que se diz pré-candidato do partido à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, não estava presente.
Entre os assuntos discutidos pelos 20 líderes chamados por Lula
estavam a situação político e econômica da Argentina e a eventual
candidatura do ministro José Serra (Saúde) pelo bloco governista.
Sobre a Argentina, vários dos
presentes manifestaram a preocupação de evitar a "cilada" de
que foi vítima o presidente Fernando de la Rúa. "Não podemos
repetir de la Rúa", foi uma frase
repetida no encontro, segundo o
relato de três dos participantes.
O argentino, eleito com discurso de oposição ao modelo econômico de seu antecessor, Carlos
Menem, teve de convocar, no
meio de uma crise econômica,
Domingo Cavallo, ex-ministro
econômico do mesmo Menem, a
quem o próprio de la Rúa deixara
em quarto lugar na disputa presidencial, há um ano.
Para evitar a repetição, os petistas querem elaborar um programa que mude o eixo do desenvolvimento para o social, mas que ao
mesmo tempo afirme que o partido tem compromisso com a estabilidade monetária, a previsibilidade econômica e a manutenção
de conquistas sociais.
Os petistas discutiram ainda o
crescimento de José Serra como
opção governista ao Planalto e estratégias para rebater a ofensiva
do PSDB no sentido de disputar a
bandeira da ética na política com
o próprio PT.
O PT deve começar a frisar desde já a aliança de Serra com o chamado "PMDB governista". Na
avaliação do partido a aproximação de Serra com o presidente do
Senado, Jader Barbalho (PA), o
deputado Geddel Vieira Lima
(BA) e o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, o torna vulnerável eleitoralmente.
Quanto à tentativa de aliar a
imagem do partido de Fernando
Henrique Cardoso à ética na política, o PT concluiu que serão os
tucanos que terão problemas.
"Para tomar a bandeira da ética,
o presidente vai ter de transformar a Anadyr (Rodrigues, ministra-chefe da Corregedoria Geral
da União) em primeira-ministra.
Este governo está completamente
arranhado em relação à ética",
disse Aloizio Mercadante.
Lula, apesar de convocar a reunião, não anunciou, em nenhum
momento, sua quarta candidatura, o que era até aguardado por alguns dos participantes.
Participaram da reunião o presidente do PT, José Dirceu, o senador José Eduardo Dutra (SE), o
ex-governador Cristovam Buarque (DF), os deputados federais
José Genoino, Aloizio Mercadante e João Paulo, todos de São Paulo, Jacques Wagner (BA), os governadores Jorge Viana (AC) e
Zeca do PT (MS), os prefeitos Tarso Genro (Porto Alegre) e Marcelo Déda (Aracaju), o secretário da
Cultura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias, entre outros.
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