São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após debate, pré-candidatos batem boca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cordiais na presença dos empresários e das câmaras de TV, os quatro principais pré-candidatos à Presidência mudaram de tom nas entrevistas concedidas isoladamente após o debate realizado ontem na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Numa prévia do que pode ser a campanha eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) não economizaram nos ataques, insinuações e ironias sobre os outros nem nas críticas ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Serra foi o mais visado, principalmente por Ciro, que, além de acusá-lo de deslealdade com FHC, insinuou que o tucano estaria por trás da suposta operação de espionagem que teria levado a Polícia Federal a encontrar R$ 1,34 milhão em uma empresa da ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
"Naturalmente que é grave [a denúncia". Mas não vou prejulgar, como não quero ser prejulgado", disse Lula sobre relações de Serra com o economista Ricardo Sérgio de Oliveira, acusado de ter pedido propina no processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
Lula sugeriu que o PFL pode estar por trás da denúncia contra Ricardo Sérgio. Ele defendeu elevar o nível do debate e fazer uma campanha sem "tititi", "nhenhenhém" e "trololó", expressões usuais de Serra e FHC.
A cobrança mais direta de Lula a Serra foi sobre a relação entre sua candidatura e o governo: "[É preciso dizer" se é governo ou oposição". Serra disse ser candidato de FHC, não do governo.
Serra e Lula costumam lembrar que já estiveram juntos. Mas isso não impediu o tucano de cobrar coerência do petista quando ele apoiou a austeridade fiscal: "Todas as mudanças que ele hoje prega, o partido dele votou contra". Já o petista culpou o governo pelo fato de o Congresso não votar a prorrogação da CPMF.
Serra também cobrou coerência do petista, a quem chamou de "tucano barbudo", que prega austeridade fiscal enquanto o PT tentou derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal no Judiciário.
Garotinho passou o tempo inteiro se esquivando da responsabilidade pela indicação de Paulo Costa Leite para seu vice, acusado de haver pertencido aos quadros do antigo SNI e que ontem desistiu de concorrer. Preferiu atacar o governo e ironizar os "fundamentos" da política econômica do ministro Pedro Malan (Fazenda). "Vamos cair na real, é um fracasso". Também aproveitou para alfinetar Serra quando foi questionado por usar uma rede de rádio para fazer campanha.
"Acordo às 4h30 e dou 25 entrevistas de rádio. Mas se tem candidato que dorme até tarde, não pode ser presidente", disse, arrancando risadas de assessores. Serra tem fama de acordar tarde.
Serra não poupou a passagem de Ciro pelo Ministério da Fazenda. Ciro acusou o tucano de sabotar o real quando FHC era ministro da Fazenda e Malan fazia a primeira negociação da dívida externa após a moratória decretada no governo Sarney. Serra disse que não quer discutir "baixarias" com Ciro e chamou o pré-candidato do PPS de "mitômano". (RAYMUNDO COSTA E CLÁUDIA DIANNI)


Texto Anterior: Rivais fazem propostas parecidas na CNI
Próximo Texto: Lula diz que não é contra Alca
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.