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Após debate,
pré-candidatos
batem boca
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cordiais na presença dos
empresários e das câmaras
de TV, os quatro principais
pré-candidatos à Presidência mudaram de tom nas entrevistas concedidas isoladamente após o debate realizado ontem na sede da CNI
(Confederação Nacional da
Indústria).
Numa prévia do que pode
ser a campanha eleitoral,
Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) não economizaram nos ataques, insinuações e ironias sobre os
outros nem nas críticas ao
governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Serra foi o mais visado,
principalmente por Ciro,
que, além de acusá-lo de deslealdade com FHC, insinuou
que o tucano estaria por trás
da suposta operação de espionagem que teria levado a
Polícia Federal a encontrar
R$ 1,34 milhão em uma empresa da ex-governadora
Roseana Sarney (PFL-MA).
"Naturalmente que é grave
[a denúncia". Mas não vou
prejulgar, como não quero
ser prejulgado", disse Lula
sobre relações de Serra com
o economista Ricardo Sérgio
de Oliveira, acusado de ter
pedido propina no processo
de privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
Lula sugeriu que o PFL pode estar por trás da denúncia
contra Ricardo Sérgio. Ele
defendeu elevar o nível do
debate e fazer uma campanha sem "tititi", "nhenhenhém" e "trololó", expressões usuais de Serra e FHC.
A cobrança mais direta de
Lula a Serra foi sobre a relação entre sua candidatura e
o governo: "[É preciso dizer"
se é governo ou oposição".
Serra disse ser candidato de
FHC, não do governo.
Serra e Lula costumam
lembrar que já estiveram
juntos. Mas isso não impediu o tucano de cobrar coerência do petista quando ele
apoiou a austeridade fiscal:
"Todas as mudanças que ele
hoje prega, o partido dele
votou contra". Já o petista
culpou o governo pelo fato
de o Congresso não votar a
prorrogação da CPMF.
Serra também cobrou coerência do petista, a quem
chamou de "tucano barbudo", que prega austeridade
fiscal enquanto o PT tentou
derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal no Judiciário.
Garotinho passou o tempo
inteiro se esquivando da responsabilidade pela indicação de Paulo Costa Leite para seu vice, acusado de haver
pertencido aos quadros do
antigo SNI e que ontem desistiu de concorrer. Preferiu
atacar o governo e ironizar
os "fundamentos" da política econômica do ministro
Pedro Malan (Fazenda).
"Vamos cair na real, é um
fracasso". Também aproveitou para alfinetar Serra
quando foi questionado por
usar uma rede de rádio para
fazer campanha.
"Acordo às 4h30 e dou 25
entrevistas de rádio. Mas se
tem candidato que dorme
até tarde, não pode ser presidente", disse, arrancando risadas de assessores. Serra
tem fama de acordar tarde.
Serra não poupou a passagem de Ciro pelo Ministério
da Fazenda. Ciro acusou o
tucano de sabotar o real
quando FHC era ministro da
Fazenda e Malan fazia a primeira negociação da dívida
externa após a moratória decretada no governo Sarney.
Serra disse que não quer discutir "baixarias" com Ciro e
chamou o pré-candidato do
PPS de "mitômano".
(RAYMUNDO COSTA E CLÁUDIA DIANNI)
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