São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

No evento da CNI, pré-candidatos não detalharam de onde tirariam dinheiro para cumprir suas promessas

Faltou indicar recursos, dizem empresários

CLÁUDIA DIANNI
RAYMUNDO COSTA


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Compromisso com a estabilidade, promessas de reforma tributária e prioridade absoluta às exportações e à política industrial. Os discursos dos quatro pré-candidatos à Presidência foram considerados praticamente iguais.
Mas a platéia com cerca de 300 empresários, que representam 60% do PIB industrial do país de acordo com a CNI, ficou sem saber de onde vão sair os recursos para realizar as promessas.
"O debate não foi suficiente para aprofundar como vão conciliar vontade política com recursos disponíveis", disse o empresário Jorge Gerdau Johannpeter. "Teria de aumentar impostos ou baixar as despesas. Isso não ficou claro."
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, os candidatos demonstraram boa qualidade técnica e política, mas falta detalhar as propostas.
O presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Empresas de Capital Aberto), Alfried Plöger, acredita que "os discursos são iguais porque os problemas do país já foram discutidos à exaustão, mas as diferenças vão aparecer e ainda nem sabemos se esses serão os verdadeiros candidatos".
Outro consenso foi o desempenho do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo discurso foi considerado flexível.
Ao contrário do setor financeiro, os industriais não acreditam que um governo de esquerda possa assustar investidores. Todos os empresários ouvidos pela Folha disseram não temer a eventual vitória do candidato petista. "Ele fez um discurso de social-democracia européia, não do PT. É preciso saber se ele mudou ou o partido também mudou", disse Gerdau.
O ponto alto do discurso de Lula, na opinião dos empresários, foi a promessa do petista de negociar todas as ações do governo, da reforma agrícola à tributária.
"O maior recado deixado por Lula é que tudo tem de ser fruto de consenso político. E o de Serra foi o reconhecimento de que o Estado tem de ter um papel ativo na promoção do desenvolvimento", disse o deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), que assume a presidência da CNI em outubro.
O nível do debate também recebeu elogios. "Os candidatos não perderam tempo trocando farpas", disse o presidente da Abrinq (Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos), Sinésio Batista da Costa. Para ele, Lula impressionou, mas faltou consistência nas propostas, Ciro perdeu tempo "dando aula de economia a quem já entende do assunto" e Serra agradou mais nas propostas, mas transmitiu menos simpatia.


Texto Anterior: Garotinho nega ser populista
Próximo Texto: FHC afirma que não pleiteia um terceiro mandato como presidente
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.