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RUMO ÀS ELEIÇÕES
No evento da CNI, pré-candidatos não detalharam de onde tirariam dinheiro para cumprir suas promessas
Faltou indicar recursos, dizem empresários
CLÁUDIA DIANNI
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Compromisso com a estabilidade, promessas de reforma tributária e prioridade absoluta às exportações e à política industrial. Os
discursos dos quatro pré-candidatos à Presidência foram considerados praticamente iguais.
Mas a platéia com cerca de 300
empresários, que representam
60% do PIB industrial do país de
acordo com a CNI, ficou sem saber de onde vão sair os recursos
para realizar as promessas.
"O debate não foi suficiente para aprofundar como vão conciliar
vontade política com recursos
disponíveis", disse o empresário
Jorge Gerdau Johannpeter. "Teria
de aumentar impostos ou baixar
as despesas. Isso não ficou claro."
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Horácio Lafer Piva,
os candidatos demonstraram boa
qualidade técnica e política, mas
falta detalhar as propostas.
O presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Empresas de
Capital Aberto), Alfried Plöger,
acredita que "os discursos são
iguais porque os problemas do
país já foram discutidos à exaustão, mas as diferenças vão aparecer e ainda nem sabemos se esses
serão os verdadeiros candidatos".
Outro consenso foi o desempenho do pré-candidato do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, cujo discurso
foi considerado flexível.
Ao contrário do setor financeiro, os industriais não acreditam
que um governo de esquerda possa assustar investidores. Todos os
empresários ouvidos pela Folha
disseram não temer a eventual vitória do candidato petista. "Ele fez
um discurso de social-democracia européia, não do PT. É preciso
saber se ele mudou ou o partido
também mudou", disse Gerdau.
O ponto alto do discurso de Lula, na opinião dos empresários, foi
a promessa do petista de negociar
todas as ações do governo, da reforma agrícola à tributária.
"O maior recado deixado por
Lula é que tudo tem de ser fruto
de consenso político. E o de Serra
foi o reconhecimento de que o Estado tem de ter um papel ativo na
promoção do desenvolvimento",
disse o deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), que assume a
presidência da CNI em outubro.
O nível do debate também recebeu elogios. "Os candidatos não
perderam tempo trocando farpas", disse o presidente da Abrinq
(Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos), Sinésio Batista da Costa. Para ele, Lula impressionou, mas faltou consistência
nas propostas, Ciro perdeu tempo
"dando aula de economia a quem
já entende do assunto" e Serra
agradou mais nas propostas, mas
transmitiu menos simpatia.
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