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outro lado
Ministro diz que não há irregularidade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Integração
Nacional, Geddel Vieira Lima, não enxerga nada de irregular em contratar como
piloto de seu avião particular
um secretário parlamentar
da Câmara dos Deputados.
"Eu o contrato por R$ 100
ou R$ 150 a hora. Certamente devem ter lá na Câmara
advogados que também
prestam serviços para terceiros. A legislação da Câmara
não proíbe isso. Proíbe que
você tenha outro emprego
público, seja dirigente de outra empresa", diz o ministro.
A relação com o piloto é
antiga, diz Geddel: "[Francisco] Meireles é um velho piloto. Depois que eu fui para o
ministério, diminui voos que
faço no avião Seneca que tenho há muitos anos. Comecei a fazer voos tipo free-lancer. Meireles voa pra mim quando precisa voar como
voa para quem o contratar".
O ministro aponta um problema de nomenclatura que
considera antigo na Câmara.
"Quando eu era deputado, o
meu motorista era secretário
parlamentar. São essas coisas da Câmara: só tem o cargo de secretário parlamentar. Não tem o cargo de motorista. Todos os cargos são
secretário parlamentar."
Segundo Geddel, a decisão
de contratar Meireles foi exclusivamente do deputado
Mão Branca (PV-BA), que é
suplente do ministro.
Mão Branca conta versão
semelhante: "Eu não sofri
nenhum tipo de pressão para
manter pessoas do ministro
comigo. Pelo contrário". O
deputado não explicou em
detalhes o que faz o piloto de
avião quando está na função
de assessor parlamentar.
Mas disse poder "provar"
que sempre que o procura
"ele está à disposição para
uma missão".
Mão Branca explica que
depende "das pessoas mais
escoladas, que têm mais facilidade em viajar". Questionado se Meireles seria um desses "escolados"? O deputado
diz: "Olha, eu considero".
Indagado se conhecia a
formação de piloto de avião
do secretário parlamentar,
Mão Santa disse ter tomado
conhecimento após a contratação. "Soube disso depois,
que ele também pilotava.
Mais uma qualidade dele".
Sobre incompatibilidade
de funções, Mão Santa revelou seu modo de trabalho:
"Eu sempre digo a todos que
trabalham comigo o seguinte: na hora que eu precisar
dos serviços deles, que eles
me atendam pelo amor de
Deus. Agora, nas horas vagas
deles, eles estão livres. Se for
advogado, que trabalhe na
sua advocacia. Se for piloto,
que pilote seu avião".
O piloto Francisco Meireles alega estar sempre à disposição de Mão Santa, na Bahia. "Meu trabalho é secretariando o deputado", declarou
ele, sem especificar sua rotina. Pilotar aviões, disse, seria
apenas uma ocupação free-lance.
(FR)
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