São Paulo, segunda, 10 de maio de 1999

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SISTEMA FINANCEIRO
Dos 8 membros ouvidos, 5 são contra depoimento e 4, a favor
Senadores da CPI resistem à convocação de Malan

DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília


A maioria dos membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos ouvidos ontem pela Folha é contra que o ministro Pedro Malan (Fazenda) seja convocado para depor. Cinco senadores declararam ser contra o requerimento de convocação que será apresentado por Eduardo Suplicy (PT-SP) amanhã. Outros 4 são favoráveis e 2 não foram localizados (veja quadro abaixo). Esses dois são da bancada governista.
Desses, um voto deve ser favorável à convocação, o do oposicionista Saturnino Braga (PSB-RJ).
O governo iniciou há duas semanas uma operação para evitar o depoimento do ministro e impedir que as apurações da CPI saiam do controle dos senadores aliados.
"Diante das revelações de que o ministro sabia da operação de socorro aos bancos não tenho mais dúvidas da necessidade da convocação", afirmou Suplicy.
A convocação de um depoente é definida pela maioria simples dos senadores titulares presentes.
Segundo revelou reportagem da Folha, a Polícia Federal está convencida de que o ministro sabia das operações de socorro aos bancos que resultaram em prejuízo de R$ 1,567 bilhão ao Tesouro.
Em 14 de janeiro, o Banco Central decidiu vender dólares, no mercado futuro, ao Marka e ao FonteCindam. A operação favoreceu as duas instituições. O ministro nega ter sabido da operação.
O presidente interino da CPI, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), vai pedir hoje explicações à Polícia Federal sobre as informações publicadas pela Folha.
"Todas as informações que a Polícia Federal tem trazido à CPI são exatamente no sentido contrário", disse. Um representante da PF acompanha a comissão.
Segundo Arruda, a PF informou à CPI que o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes negou que Malan tenha sido consultado sobre o socorro aos bancos.
Arruda acha que não há indicações de que Malan tivesse conhecimento da operação, portanto, não há motivos para sua convocação. Ele afirmou que o ministro poderá ser ouvido na CPI quando a comissão estiver colhendo sugestões para modificar a legislação que trata das instituições financeiras.
O relator da comissão, senador João Alberto (PMDB-MA), não vê motivos para a convocação do ministro. "Ele (Malan) já declarou que não sabia de nada. Diante desse fato, não há nada que justifique sua convocação", disse o senador.
"A oposição quer ver o circo pegar fogo. Não queremos isso. Temos de buscar provas concretas e não vejo motivo para essa convocação", afirmou o relator.
Para o senador Siqueira Campos (PFL-TO), o fato de o ministro saber ou não não altera os trabalhos da CPI. "O ministro sabendo ou não provocará pouca diferença na linha dos trabalhos. Temos de ter alguma forma de o dinheiro da operação retornar ao BC", disse.



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