São Paulo, segunda, 10 de maio de 1999

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SISTEMA FINANCEIRO
Ministro da Fazenda classifica como "leviandade" afirmação de procuradores do BC em depoimento na PF
Malan nega ter sabido de ajuda a bancos

da Sucursal de Brasília


O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse, por meio de nota divulgada ontem, que "é uma mentira, uma leviandade e uma irresponsabilidade" a informação de que ele sabia das operações de socorro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam na época em que elas foram realizadas.
"Eu desafio a quem quer que seja a comparecer a uma acareação na qual tenha a coragem e a desfaçatez de dizer na minha frente que participou de uma reunião comigo na qual tenham sido discutidas, negociadas e aprovadas as operações dos bancos Marka e FonteCindam", disse o ministro em nota oficial (leia íntegra abaixo).
Anteontem, a Folha publicou que a Polícia Federal está convencida de que o ministro sabia da ajuda aos bancos. A convicção da PF está baseada em depoimentos de procuradores do Banco Central.
No dia 14 de janeiro, a diretoria do BC decidiu vender dólares, no mercado futuro, a cotações a preços menores do que o do mercado. Ao decidir por essa medida, o BC optou por não liquidar as duas instituições. As duas operações deram prejuízo de R$ 1,567 bilhão ao Tesouro.
"É fato amplamente conhecido e divulgado à época que passei a manhã do dia 15 de janeiro no BC com o doutor Amaury Bier discutindo exclusivamente o regime cambial brasileiro e as alternativas para sua modificação", afirmou Malan.
"Não tratei de qualquer outro assunto neste dia -e muito menos na véspera, quando aparentemente a decisão sobre os bancos citados teria sido tomada pela diretoria do BC", disse ainda Malan em comunicado à Folha. O ministro não quis dar entrevistas, dizendo que sua agenda estava lotada.
Em 15 de janeiro, o BC deixou de intervir no mercado de câmbio e três dias depois, na manhã do dia 18 de janeiro, anunciou que estaria adotando o regime de flutuação cambial.
O voto autorizando as operações com o Marka e o FonteCindam, sem citar o nome das instituições, foi aprovado no dia 14.
As duas operações e a suspeita de que houve vazamento de informações sobre a mudança cambial estão sendo investigadas pela CPI.



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