São Paulo, segunda, 10 de maio de 1999

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OUTRO LADO
Funcionários confirmam; Maluf não comenta

da Reportagem Local

Três funcionários municipais cujas assinaturas aparecem nos recibos da campanha de 92 de Paulo Maluf (PPB) afirmaram à Folha que prestaram serviços ao grupo ligado ao candidato durante a disputa pela prefeitura.
Já o ex-prefeito está na França e sua assessoria imprensa informou que ele não se manifestaria sobre o assunto antes da publicação da reportagem.
"Trabalhei na campanha como recepcionista do comitê da Vila Olímpia. Quando o Maluf ganhou a eleição, o superintendente Ignázio Gandolfo (ex-superintendente do Serviço Funerário Municipal demitido no final de março) gostou muito do meu trabalho e perguntou se eu não queria vir", explicou Sebastiana Lino de Souza.
Souza foi contratada pelo Serviço Funerário Municipal em 10 de março de 93 como vistoriadora de veículos, mas trabalha na empresa como telefonista.
"Acho que o superintendente Gandolfo trabalhava na campanha. Mas eu o conhecia antes, de uma empresa particular em que eu trabalhava", declarou.
Eleitora de Maluf, a telefonista diz que também prestou serviços como recepcionista de comitê na campanha de 96 do prefeito Celso Pitta (sem partido).
Ela afirmou ter recebido uma "ajuda de custo" em dinheiro para gastos com transporte e alimentação nas duas ocasiões. "Mas não me lembro de quanto."
Sua assinatura aparece em cinco recibos referentes ao pagamento de "serviços prestados" entre julho e novembro de 92.
Apesar de se dizer interessada por política, Souza disse que não pretende trabalhar nas próximas eleições. "Quero ser só eleitora. Aos 52 anos, ficar correndo atrás de político não dá. Vou curtir minha aposentadoria."
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Colaborador Adilson Sales Antonio, contratado pela Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo), mas emprestado à Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), também confirmou sua participação.
"Eu era um colaborador. Fazia tudo o que se faz em uma campanha: entregar papelzinho, pedir voto", disse ele, que aparece nos documentos do PDS como responsável pelo Chevette de placa BGG-4893, utilizado pelo comitê central Tatuapé.
Por seus serviços, Sales Antonio declarou que não recebia "nada de salário". "A gente tinha todo o respaldo da campanha, lanche, tudo. Por isso não era necessário nenhum tipo de verba."
Contratado pela Prodam depois da posse do prefeito Celso Pitta, Jordi Shiota trabalha no setor administrativo do Serviço Funerário Municipal e diz que participou das campanhas malufistas de 92 e 96 executando um "trabalho de retaguarda".
"Fazia a parte administrativa. Dava orientação em relação ao andamento das campanhas, sobre prestação de contas (dos candidatos a vereador)."
Apesar de sua assinatura aparecer em quatro recibos -totalizando R$ 1.950-, Shiota declarou não ter recebido nada pelo trabalho. "Nunca recebi. Sou voluntário do partido."
Com salário de R$ 4.839,18, o servidor afirmou que sua contratação pela prefeitura também foi feita por indicação da legenda. "Não me lembro quem indicou, mas foi na campanha de 96."
Demitido da prefeitura no início de março, Sinésio Gobbo não foi localizado pela reportagem. Contratados pela Prodam, Francisco de Assis Ribeiro, Maria Moraes Moreira e Francisca Morais Moreira trabalham na Coordenadoria de Ação Política, órgão ligado à Secretaria de Governo, mas não foram localizados.
Ribeiro está em férias e as duas servidoras, segundo um funcionário da coordenadoria que se identificou como Hugo, só poderiam ser encontradas hoje.
Paulo Sérgio Leite Nery, atualmente no Conselho Municipal de Auxílios e Subvenções -ligado à Secretaria de Governo- também não foi localizado.
Sueli de Souza Nunes Iwamoto trabalha no serviço de divulgação do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), na Secretaria Municipal da Saúde, mas não foi encontrada para comentar sua contratação. (PZ)




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