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Democratização pegou
ensino despreparado
da Reportagem Local
A violência nas escolas é consequência perversa de algo positivo e
de um processo mais que desejável: a democratização do ensino no
Brasil.
"Antigamente, a escola era para
poucos. Por uma série de movimentos sociais e políticos a escola
se tornou democrática, um espaço
no qual diferentes grupos sociais
convivem. Se há violência na rua, e
se a escola
abriu as portas
para todos, a
violência acaba
entrando na
escola", diz Lino de Macedo,
professor titular de Psicologia do Desenvolvimento da
USP (Universidade de São
Paulo).
O problema,
continua Macedo, é que a
escola não foi e
continua não
preparada para
assumir as
consequências
de um processo que, em si, é
bom.
"O professor
está muito
acuado. Ele
tem de ser preparado para lidar com essa nova situação. A escola tem de mudar o
sistema de avaliação e a maneira
como se relaciona com o aluno."
²
Nova clientela
Opinião semelhante tem a secretária da Educação do Estado de São
Paulo, Rose Neubauer. Ela vê, como uma das grandes vitórias das
ações governamentais na área da
educação nos últimos anos, a incorporação de contingentes que
antes estavam excluídos do sistema educacional.
No entanto, ela admite que é preciso criar mecanismos para atender essa nova clientela de maneira
mais adequada.
Quanto ao combate à violência,
no entanto, Rose defende um trabalho mais amplo, que inclua políticas governamentais nas áreas da
educação, da saúde e da assistência
social.
Para o educador Júlio Groppa
Aquino, professor da Faculdade de
Educação da
USP, o combate à violência
nas escolas
passa sobretudo por uma reformulação
das relações internas.
"A escola não
é apenas vítima
da violência
que está nas
ruas e em casa.
A violência que
se manifesta na
escola tem matizes próprios
da instituição
escolar", diz
ele.
Essas características específicas assumidas pela violência escolar
são decorrentes, diz Aquino, de
mecanismos inerentes à própria
escola, que ainda se vale de mecanismos de exclusão para disciplinar e controlar os alunos.
"É comum que as escolas adotem
códigos de normas rígidos que exigem a obediência dos alunos porque era assim que ela era boa. Mas
esse é um modelo do passado. É
preciso trabalhar dentro de uma
perspectiva de inclusão", diz ele.
(MAv)
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