São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Stedile acusa a "direita" e diz que agora é "o pior momento para fazer luta social"

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Ao comentar que "certamente houve provocadores infiltrados" na ação do MLST no Congresso, o líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile disse ontem que novas ocorrências desse tipo poderão ocorrer no período eleitoral e que este é "o pior momento para fazer luta social" por causa da provocação das "forças obscuras" da "direita".
"Em períodos eleitorais, e nós estamos acostumados nos movimentos sociais, quando tem a disputa eleitoral muito acirrada entre a esquerda e a direita, todas as forças usam todas as cartas sujas que têm na mão. O pior momento que temos para fazer luta social é esse período eleitoral, porque é o mais fértil em que as forças obscuras fazem todo tipo de provocação." E mandou um recado a outros movimentos: "Fiquem alertas, porque, daqui até as eleições provavelmente outras provocações virão, justamente para criar clima de violência e de falso radicalismo".
Questionado se isso seria para prejudicar a candidatura Lula, disse: "Para prejudicar a sociedade brasileira, porque a direita nunca quer perder os privilégios. Ela não quer discutir democracia, projeto para o Brasil, reforma agrária, taxa de juro. Ela quer só retomar o governo para manter os privilégios".
A certeza sobre os provocadores infiltrados no MLST, conforme disse, é "por causa do modus operandi". "Sempre que acontece esse tipo de coisa é muito fácil as forças policiais, treinadas para isso, infiltrarem provocadores, que agem com violência, com radicalismo, para criar o tumulto. E, no meio da massa, gera o tumulto, é incontrolável", acrescentando que os trabalhadores do MLST "são gente humilde e pacífica".
Stedile porém voltou a dizer que "não é hora de fazer pressão sobre a Câmara" e que os "inimigos principais da reforma agrária hoje são os bancos, os latifúndios, as grandes empresas transnacionais".
Ele não quis falar sobre verbas do governo ao MLST. Sobre o MST, disse que tem apoio de "várias ONGs". "Elas fazem convênios com o governo para viabilizar serviços públicos que, pela via natural do Estado, não chegam aos assentamentos e acampamentos". Ele declarou que o governo repassa o dinheiro para as ONGs e que o MST nem recebe o dinheiro: "Tanto é que o MST não tem conta bancária, não tem caixa".


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