São Paulo, quarta, 10 de junho de 1998

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SAÚDE
Mal-estar ocorreu pouco depois de o ministro afirmar que está recebendo ameaças de morte desde sexta-feira
Indisposto, Serra interrompe entrevista

da Sucursal de Brasília

O ministro da Saúde, José Serra, teve forte indisposição e interrompeu entrevista ontem em Brasília.
Dores no estômago e enjôo foram os sintomas descritos por Serra. Até o início da noite, ele despachou em seu gabinete, sem fazer os exames recomendados por seu médico particular.
A assessores, Serra disse que manteria a agenda prevista para hoje. Ele havia convocado a entrevista para dar informações sobre a campanha de multivacinação.
Segundo assessores, o ministro teve um "leve mal-estar" provocado pelo calor e pela pouca circulação de ar na sala.
A indisposição ocorreu pouco depois de ele afirmar que não teme as ameaças de morte que vem recebendo desde sexta-feira.
De acordo com Serra, as ameaças são feitas por meio de telefonemas anônimos para as residências dele, em Brasília e São Paulo.
Ao atender o telefone, o ministro ouve uma voz dizendo que ele "pode ser morto, se continuar fazendo o que vem realizando".
"Isso tudo é uma bobagem", afirmou Serra, que disse não estar dando importância às ameaças.
Nos telefonemas, segundo ele, são vozes femininas e masculinas que fazem várias ameaças. O ministro não deu mais explicações.
No Ministério da Saúde, as suspeitas recaem sobre atingidos pelas últimas medidas adotadas por Serra, especialmente a fiscalização em torno da falsificação de medicamentos e a intervenção nos hospitais federais do Rio de Janeiro.
Planos de saúde
Os assessores também não descartam que as causas das ameaças sejam as discussões sobre as novas regras para o funcionamento dos planos de saúde ou o fato de os hospitais terem recebido determinação de divulgarem, por meio da Internet, preços de serviços e produtos que compram.
Serra disse que se recusa a contratar seguranças pessoais e que vai deixar "tudo do jeito que está". Ao ser questionado sobre o que faria para evitar que as ameaças se concretizem, afirmou: "Nada vezes nada".
Demonstrando irritação, Serra passou parte da meia hora da entrevista com a mão sobre a testa, dando a impressão de que sentia dor de cabeça.
"A impressão é que ele estava com uma enxaqueca ou uma forte dor de cabeça", disse Hésio Cordeiro, um dos médicos que acompanhavam a entrevista.
Após deixar a sala de reuniões do ministério, onde ocorria a coletiva, Serra teve a pressão arterial medida. O resultado da medição: 12 (a máxima) por 8 (a mínima), considerada normal.
Segundo a assessoria do ministro, Serra não alterou a agenda, embora não tenha retornado para continuar a entrevista.



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