São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Senador Renan Calheiros (AL), até então da ala governista, defende Itamar-2002 e entrega de cargos

Líder do PMDB defende ruptura com FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), defende a candidatura do governador mineiro Itamar Franco à presidência da sigla e a imediata devolução de seus cargos no governo.
"É uma hipocrisia dizer que o Itamar serve para ser candidato a presidente da República, mas não serve para presidir o partido", afirmou o senador, que foi ministro da Justiça de FHC entre abril de 1998 e julho de 1999.
Renan é um dos integrantes da cúpula do PMDB que, em 1998, trocaram a candidatura própria de Itamar pelo apoio à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. É a primeira defecção de peso na direção peemedebista, até então monolítica na defesa da aliança com FHC.
Na volta do recesso, Renan reunirá os senadores do PMDB para discutir a devolução dos cargos, que segundo ele, é "uma disposição crescente dentro do partido", por haver tendência majoritária pela candidatura própria.
"A candidatura própria é consenso, não é dissenso", diz Renan. "Só precisamos compatibilizá-la com a governabilidade. Até onde isso for possível."
A disposição de devolver os cargos e tomar o "caminho da roça", como sugeriu FHC em clara alusão a Itamar, pode ser crescente, mas ainda divide as opiniões.
O assessor especial da Presidência da República, Moreira Franco (RJ), acha que o lançamento dos nomes para presidir a legenda, entre os quais o de Itamar, poderia unir o PMDB em torno de um debate político. Hoje o partido está dividido sobre a decisão de desembarcar ou não do governo.
"Não é possível que estivéssemos certos [por apoiar o governo nos últimos anos" e agora, perto da eleição, descobrirmos que estávamos errados."
Em Goiás, o atual presidente da sigla, Maguito Viela, defende o rompimento com FHC, mas usufrui das verbas enviadas para prefeituras pela Secretaria de Desenvolvimento Regional, chefiada por Ovídio De Ângelis, indicado por seu grupo político.
Há poucos dias no governo, o ministro Ramez Tebet (Integração Nacional) já se manifestou pela candidatura própria. Ele foi indicado para o cargo por Renan e estaria disposto a acompanhar a posição que o partido tomar.
Dos ministros do PMDB, o que mais insiste na manutenção da aliança com FHC é Eliseu Padilha (Transportes). Mesmo assim, enfrenta defecção entre seus aliados: Padilha ganhou o controle do PMDB do Rio Grande do Sul ao lado do senador Pedro Simon, que prefere o "caminho da roça".
O temor de Padilha é que Itamar, se vencer a eleição presidencial, governe sem nenhum compromisso com o PMDB. Ou seja, com a atual cúpula partidária.
O presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), em torno do qual o PMDB formou uma precária unidade após 98, está quase afastado do embate interno.
Em 98, Jader assumiu a linha de frente contra a candidatura de Itamar. Hoje, preferiria que o PMDB tivesse outra opção, mas também engrossa as fileiras dos que acham que a sigla deve ter um candidato próprio.
Além do desempenho de Itamar nas pesquisas, a desconfiança de que pode novamente ser relegado a um papel secundário na aliança com FHC leva o PMDB a se empolgar com candidatura do governador mineiro.
Uma frase corrente entre os peemedebistas é que vale a pena "trocar um ano de FHC por quatro de um novo governo".
Mesmo que Itamar não se torne o presidente do PMDB, ele avançou no sentido de conseguir uma composição mais favorável na direção do PMDB a ser eleita na convenção de 9 de setembro.



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