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SUCESSÃO NO ESCURO
Senador Renan Calheiros (AL), até então da ala governista, defende Itamar-2002 e entrega de cargos
Líder do PMDB defende ruptura com FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), defende a
candidatura do governador mineiro Itamar Franco à presidência
da sigla e a imediata devolução de
seus cargos no governo.
"É uma hipocrisia dizer que o
Itamar serve para ser candidato a
presidente da República, mas não
serve para presidir o partido",
afirmou o senador, que foi ministro da Justiça de FHC entre abril
de 1998 e julho de 1999.
Renan é um dos integrantes da
cúpula do PMDB que, em 1998,
trocaram a candidatura própria
de Itamar pelo apoio à reeleição
do presidente Fernando Henrique Cardoso. É a primeira defecção de peso na direção peemedebista, até então monolítica na defesa da aliança com FHC.
Na volta do recesso, Renan reunirá os senadores do PMDB para
discutir a devolução dos cargos,
que segundo ele, é "uma disposição crescente dentro do partido",
por haver tendência majoritária
pela candidatura própria.
"A candidatura própria é consenso, não é dissenso", diz Renan.
"Só precisamos compatibilizá-la
com a governabilidade. Até onde
isso for possível."
A disposição de devolver os cargos e tomar o "caminho da roça",
como sugeriu FHC em clara alusão a Itamar, pode ser crescente,
mas ainda divide as opiniões.
O assessor especial da Presidência da República, Moreira Franco
(RJ), acha que o lançamento dos
nomes para presidir a legenda,
entre os quais o de Itamar, poderia unir o PMDB em torno de um
debate político. Hoje o partido está dividido sobre a decisão de desembarcar ou não do governo.
"Não é possível que estivéssemos certos [por apoiar o governo
nos últimos anos" e agora, perto
da eleição, descobrirmos que estávamos errados."
Em Goiás, o atual presidente da
sigla, Maguito Viela, defende o
rompimento com FHC, mas usufrui das verbas enviadas para prefeituras pela Secretaria de Desenvolvimento Regional, chefiada
por Ovídio De Ângelis, indicado
por seu grupo político.
Há poucos dias no governo, o
ministro Ramez Tebet (Integração Nacional) já se manifestou
pela candidatura própria. Ele foi
indicado para o cargo por Renan
e estaria disposto a acompanhar a
posição que o partido tomar.
Dos ministros do PMDB, o que
mais insiste na manutenção da
aliança com FHC é Eliseu Padilha
(Transportes). Mesmo assim, enfrenta defecção entre seus aliados:
Padilha ganhou o controle do
PMDB do Rio Grande do Sul ao
lado do senador Pedro Simon,
que prefere o "caminho da roça".
O temor de Padilha é que Itamar, se vencer a eleição presidencial, governe sem nenhum compromisso com o PMDB. Ou seja,
com a atual cúpula partidária.
O presidente do Senado, Jader
Barbalho (PA), em torno do qual
o PMDB formou uma precária
unidade após 98, está quase afastado do embate interno.
Em 98, Jader assumiu a linha de
frente contra a candidatura de Itamar. Hoje, preferiria que o PMDB
tivesse outra opção, mas também
engrossa as fileiras dos que acham
que a sigla deve ter um candidato
próprio.
Além do desempenho de Itamar nas pesquisas, a desconfiança
de que pode novamente ser relegado a um papel secundário na
aliança com FHC leva o PMDB a
se empolgar com candidatura do
governador mineiro.
Uma frase corrente entre os
peemedebistas é que vale a pena
"trocar um ano de FHC por quatro de um novo governo".
Mesmo que Itamar não se torne
o presidente do PMDB, ele avançou no sentido de conseguir uma
composição mais favorável na direção do PMDB a ser eleita na
convenção de 9 de setembro.
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