São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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RANKING DA ONU

Crescimento econômico e sistema de bem-estar social levam país a superar Canadá, que ficou em 3º lugar

Noruega é líder; EUA caem para 6º

MÁRCIA DETONI
DA REDAÇÃO

A Noruega é o país que oferece a melhor qualidade de vida a seus cidadãos, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2001 que será divulgado oficialmente hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Essa é a primeira vez, desde que o relatório passou a ser divulgado, em 1990, que a Noruega chega ao primeiro lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), superando o Canadá, que liderou a lista por sete anos consecutivos. Os Estados Unidos, que ocupavam o terceiro lugar no relatório divulgado em 2000, caíram para a sexta posição.
Com um amplo sistema de bem-estar social, a Noruega tinha, no ano passado, o segundo melhor IDH do mundo. A evolução para o primeiro lugar foi atribuída a um aumento no PIB (Produto Interno Bruto) per capita, que chegou a US$ 28.433, o terceiro maior entre 162 países.
A principal fonte de riqueza da Noruega é o mar. O país lidera a produção pesqueira na Europa Ocidental, e o petróleo, descoberto nos anos 70, deu grande impulso à economia. A Noruega é o segundo maior exportador mundial de petróleo depois da Arábia Saudita. O país também exporta gás natural, navios e maquinários.
O Canadá, agora na terceira posição, também obteve um aumento na renda per capita, mas foi superado pela Austrália, que subiu para o segundo lugar por apresentar um desempenho um pouco melhor em áreas como educação e saúde.
A maior surpresa do relatório, segundo o Pnud, foi a perda de posição dos EUA justamente no período em que o país viveu uma das maiores expansões econômicas de sua história (os dados do IDH são de 1999).
Essa é primeira vez desde 1994 que os EUA não aparecem entre os cinco primeiros colocados. "Os norte-americanos não tiveram aumento na sua expectativa de vida. Apesar de relativamente alta (76,8 anos), ela é apenas a 13º maior entre os 15 países mais bem colocados no ranking do IDH", explicou o Pnud.
De todos os países, o que apresenta a maior expectativa de vida é o Japão: 80,8 anos. Na Noruega, as pessoas vivem em média 78,4 anos, na Austrália, 78,8, e no Canadá, 78,7.
Na avaliação do Pnud, a queda de posição dos Estados Unidos é uma evidência de que o país com o segundo maior PIB per capita mundial (US$ 31.872) enfrenta dificuldades para redistribuir sua riqueza e os efeitos benéficos que ela proporciona.
O relatório mostra que 14% dos norte-americanos vivem com menos de US$ 11 por dia, o equivalente a US$ 4.000 por ano (apenas 12,5% da renda média do país). Há também diferenças raciais acentuadas. O IDH da população branca dos EUA é 13% maior que o da população hispânica e 7,5 superior ao dos afro-americanos.
No ranking da pobreza humana, os Estados Unidos apresentam a pior situação entre os 17 países mais ricos listados: 15,8% dos norte-americanos sofrem privações graves, principalmente no que se refere à longevidade e ao conhecimento.
Segundo o Pnud, a cada mil bebês nascidos nos EUA entre 1999 e 2000, 128 não devem chegar aos 60 anos de idade, e 20,7% da população adulta é considerada analfabeta funcional (tem dificuldade para compreender textos e interpretar informações).
Além dos EUA, outros quatro países ricos tiveram uma redução no IDH. O Reino Unido caiu do 10º para o 14º lugar, a França foi do 12º para o 13º, a Alemanha passou do 14º para o 17º e a Itália, do 19º para o 20º. "Mais uma prova de que uma renda alta não significa necessariamente desenvolvimento humano proporcional", afirmou o Pnud.
Todos os últimos 28 colocados no ranking do IDH são países africanos. O país com o desenvolvimento humano mais baixo é Serra Leoa, onde a expectativa de vida é de apenas 39 anos e o analfabetismo atinge 32% dos adultos.



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