São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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Para o governo, números estão defasados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro não concorda com a maior parte dos dados usados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para fazer o relatório do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) deste ano.
A principal alegação é que os números estão defasados ou não correspondem aos índices levantados no país.
O Ministério da Educação pediu ao Pnud informações sobre a metodologia da pesquisa para poder responder o relatório. Segundo o ministério, os números usados no IDH são diferentes daqueles tidos como referência pelo governo.
O analfabetismo, por exemplo, aparece no relatório do IDH como sendo de 15,1% para 1999. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), levantados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) também naquele ano, apresentam uma taxa de 13,3%.
Já a taxa bruta de escolarização nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) também não é a mesma. Enquanto o IDH aponta 80% de matrícula bruta para os três níveis, os dados do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao ministério, mostram que a taxa é de 76,5%, usando a faixa etária entre 7 e 24 anos.
O Ministério da Saúde também considera que os números, em alguns casos, estão defasados e que o governo já trabalha com informações mais atualizadas.
Um exemplo é a mortalidade infantil. O relatório do IDH usa um número de 1999, de 34,8 mortes por mil nascidos vivos, dado semelhante ao apontado pelo IBGE para o mesmo ano.
Mas o ministério já tem um levantamento de 2000 que aponta 33,6 mortes por mil nascidos vivos. A estimativa para este ano está em torno de 32 por mil.
Em relação à expectativa de vida ao nascer, os números do IDH e os do IBGE têm divergência. O relatório do Pnud informa que a expectativa está em 67,5 anos, dado referente a 1999, enquanto o IBGE apresenta 68,4 anos em igual ano.
Um dos pontos fracos do Brasil no relatório, o percentual do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país) gasto com a saúde, não reflete a realidade, de acordo com o governo federal. O documento mostra que o Brasil teria gasto 2,9% do PIB nessa área em 1999. Há dez anos, o percentual seria praticamente o mesmo, 3,0%.
"Isso não reflete a evolução dos gastos. A despesa real cresceu muito de 1994 para cá", afirmou o ministro da Saúde, José Serra.
Segundo o ministro, em 1990, o Brasil enfrentava uma hiperinflação e, por isso, fica difícil fazer uma comparação. "É um período muito extenso. A realidade é muito diferente", afirmou.
O ministro não quis comentar os demais dados alegando não conhecer o relatório que será divulgado hoje pelo Pnud. "O Brasil melhorou, não há dúvidas, mas precisa relativizar direito", disse.



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