São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997.



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Sociólogo articulou Ação da Cidadania

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Uma charge de Betinho será o símbolo do Natal sem Fome de 1997, a distribuição de alimentos organizada pela Ação da Cidadania. No ano passado, foram entregues mais de 100 mil cestas básicas a famílias carentes em todo o país.
A Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida surgiu em abril de 1993 com um lema -"Cada um pode fazer alguma coisa pelo outro"- e uma proposta: obter alimentos para famílias carentes.
O grupo começou a se formar no final de 1992, dentro do Movimento pela Ética na Política, que reunia entidades que eram favoráveis ao impeachment do então presidente da República, Fernando Collor de Mello.
Principal articulador do movimento, Betinho passou a defender a criação de pequenos grupos -os comitês- capazes de planejar e executar "projetos de solidariedade", desde a distribuição de sopa até a organização de lavouras comunitárias.
"A Ação da Cidadania não é uma instituição, não é um partido, não é nem mesmo um movimento. É uma ação, porque cada um faz o que pode para ajudar", dizia Betinho.
A alimentação foi a base do primeiro ano de trabalho da Ação da Cidadania, que acabou ficando conhecida como Campanha da Fome, ou, numa alusão à figura do sociólogo, Campanha do Betinho.
Em 1994, o tema foi a geração de emprego e renda. Em 1995, a terra.
Num fórum em Vitória, no Espírito Santo, a Ação da Cidadania lançou a carta da terra, defendendo um plano de reforma agrária para o país.
Em 1996, os três temas foram tratados de forma conjunta. Para 1997, a decisão foi continuar a temática complementar, permitindo a cada Estado escolher um assunto em especial.
Articulador
A ausência de um comando central é característica da Ação da Cidadania desde seu início, e Betinho cumpria o papel de articulador nacional e principal divulgador do projeto.
O auge da campanha foi em 1994, quando uma pesquisa obtida pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) apontou a existência de 3 milhões de participantes dos comitês.
O Ibase, um dos centros de coordenação do movimento, não tem idéia do número de comitês espalhados pelo país. Um encontro nacional da Ação da Cidadania está marcado para agosto, em Maceió.
"O lema de Betinho era que cada um poderia fazer alguma coisa, e isso nos move a continuar sempre. A Ação da Cidadania continuará cumprindo seu papel", afirma Maurício Andrade, presidente do comitê-Rio, um dos mais ativos do país.
"O número de comitês diminuiu, mas o número de projetos aumentou. Nossa ação não é mais uma campanha da moda, e sim uma presença constante. Betinho há muito já é mais do que um corpo, é uma idéia de solidariedade que move o nosso trabalho e vai continuar movendo", diz Cândido Grzybowski, diretor do Ibase.



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