|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sociólogo articulou
Ação da Cidadania
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Uma charge de Betinho será o
símbolo do Natal sem Fome de
1997, a distribuição de alimentos
organizada pela Ação da Cidadania. No ano passado, foram entregues mais de 100 mil cestas básicas
a famílias carentes em todo o país.
A Ação da Cidadania contra a
Miséria e Pela Vida surgiu em abril
de 1993 com um lema -"Cada
um pode fazer alguma coisa pelo
outro"- e uma proposta: obter
alimentos para famílias carentes.
O grupo começou a se formar no
final de 1992, dentro do Movimento pela Ética na Política, que reunia
entidades que eram favoráveis ao
impeachment do então presidente
da República, Fernando Collor de
Mello.
Principal articulador do movimento, Betinho passou a defender
a criação de pequenos grupos -os
comitês- capazes de planejar e
executar "projetos de solidariedade", desde a distribuição de sopa
até a organização de lavouras comunitárias.
"A Ação da Cidadania não é
uma instituição, não é um partido,
não é nem mesmo um movimento.
É uma ação, porque cada um faz o
que pode para ajudar", dizia Betinho.
A alimentação foi a base do primeiro ano de trabalho da Ação da
Cidadania, que acabou ficando conhecida como Campanha da Fome, ou, numa alusão à figura do
sociólogo, Campanha do Betinho.
Em 1994, o tema foi a geração de
emprego e renda. Em 1995, a terra.
Num fórum em Vitória, no Espírito Santo, a Ação da Cidadania
lançou a carta da terra, defendendo um plano de reforma agrária
para o país.
Em 1996, os três temas foram tratados de forma conjunta. Para
1997, a decisão foi continuar a temática complementar, permitindo a cada Estado escolher um assunto em especial.
Articulador
A ausência de um comando central é característica da Ação da Cidadania desde seu início, e Betinho
cumpria o papel de articulador nacional e principal divulgador do
projeto.
O auge da campanha foi em 1994,
quando uma pesquisa obtida pelo
Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) apontou a existência de 3 milhões de
participantes dos comitês.
O Ibase, um dos centros de coordenação do movimento, não tem
idéia do número de comitês espalhados pelo país. Um encontro nacional da Ação da Cidadania está
marcado para agosto, em Maceió.
"O lema de Betinho era que cada
um poderia fazer alguma coisa, e
isso nos move a continuar sempre.
A Ação da Cidadania continuará
cumprindo seu papel", afirma
Maurício Andrade, presidente do
comitê-Rio, um dos mais ativos do
país.
"O número de comitês diminuiu, mas o número de projetos
aumentou. Nossa ação não é mais
uma campanha da moda, e sim
uma presença constante. Betinho
há muito já é mais do que um corpo, é uma idéia de solidariedade
que move o nosso trabalho e vai
continuar movendo", diz Cândido
Grzybowski, diretor do Ibase.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|