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ESTRATÉGIA
"É piada de mau gosto", diz Serra sobre rumores de que desistiria; ciristas refutam envolvimento no caso
Tucanos reagem a boato e acusam Ciro
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reagiu ontem à
noite em São Paulo aos boatos de
que desistiria da disputa eleitoral
dizendo que são "uma piada de
mau gosto". "É uma piada de mau
gosto. Uma falta de respeito. A
gente sabe de onde vem essa falta
de respeito", afirmou o tucano.
Apesar de dizer que conhecia a
origem dos boatos, o presidenciável não citou nomes. Já a direção
do PSDB atribuiu os rumores ao
que chamou de "banda podre".
"Isso é uma sordidez que só pode interessar à banda podre da
campanha eleitoral e aos especuladores do mercado. Não passa de
sordidez", afirmou José Aníbal
(PSDB-SP), presidente nacional
do partido e candidato ao Senado.
Os marqueteiros da campanha
de Serra foram mais diretos. "É
uma tática escrota, que nasceu no
comitê do Ciro Gomes (PPS).
Conforme duas fontes me informaram, o responsável é o Rui Nogueira", disse Nelson Biondi, responsável pelo marketing geral da
campanha tucana. A declaração
foi feita após o final de reunião em
São Paulo entre Biondi e o publicitário Nizan Guanaes, que responde pelo comando da criação
da campanha de Serra.
Ouvido pela Folha, Rui Nogueira, um dos assessores de comunicação de Ciro, nega participação
no caso. "Respeito e lamento o
desespero que toma conta de uma
campanha derrotada. É muito
mais fácil acusar a assessoria de
um candidato vitorioso do que assumir a responsabilidade pelo
fracasso de seu candidato."
O deputado Antonio Kandir
(PSDB-SP), que colaborou na
parte macroeconômica do programa de Serra, diz que "não há
lógica nem cabimento" nos boatos . Ele, no entanto, disse acreditar ser quase impossível descobrir
de onde partiram os rumores.
"Não sabemos avaliar, mas é uma
coisa absolutamente plantada."
Na avaliação dos tucanos, não
faz sentido qualquer rumor de renúncia porque ainda faltam quase
dois meses para as eleições e Serra
tem mais tempo no horário eleitoral do que qualquer outro candidato a presidente.
O presidenciável costuma dizer
que só vai considerar as pesquisas
quando o horário eleitoral estiver
"bem avançado". Ele e sua equipe
acreditam que o eleitor só vai definir o voto a partir do início da segunda metade de setembro.
Segundo amigos do candidato
tucano, a renúncia não faz parte
do estilo dele, que enfrentou situações delicadas no Ministério
da Saúde e na disputa interna do
partido pela candidatura.
"Não tem pé nem cabeça. Depois do acordo com o FMI, quem
apostou contra o real e estava perdendo dinheiro precisava de um
novo boato para especular", disse
João Roberto Vieira da Costa, o
principal assessor de Serra na
campanha.
O que João Roberto nem Serra
dizem claramente é o que o tucano paulista fará se perceber, em
meados de setembro, que realmente não tem chance de vitória.
Clara está a opção do candidato
para um segundo turno sem ele:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na chegada de Serra ontem à
noite ao seu comitê de campanha
de São Paulo houve tumulto. Um
jornalista caiu e, no meio do empurra-empurra que se formou,
umas das coordenadoras de mobilização do tucano deu um soco
em um cinegrafista da TV Cultura, que não quis se identificar.
Em seguida, alguns seguranças
partiram para cima dos jornalistas. Depois, Serra se desculpou
pelo incidente com os jornalistas.
(JULIA DUAILIB, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, PATRÍCIA ZORZAN
e RAYMUNDO COSTA)
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