São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTRATÉGIA

"É piada de mau gosto", diz Serra sobre rumores de que desistiria; ciristas refutam envolvimento no caso

Tucanos reagem a boato e acusam Ciro

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reagiu ontem à noite em São Paulo aos boatos de que desistiria da disputa eleitoral dizendo que são "uma piada de mau gosto". "É uma piada de mau gosto. Uma falta de respeito. A gente sabe de onde vem essa falta de respeito", afirmou o tucano.
Apesar de dizer que conhecia a origem dos boatos, o presidenciável não citou nomes. Já a direção do PSDB atribuiu os rumores ao que chamou de "banda podre".
"Isso é uma sordidez que só pode interessar à banda podre da campanha eleitoral e aos especuladores do mercado. Não passa de sordidez", afirmou José Aníbal (PSDB-SP), presidente nacional do partido e candidato ao Senado.
Os marqueteiros da campanha de Serra foram mais diretos. "É uma tática escrota, que nasceu no comitê do Ciro Gomes (PPS). Conforme duas fontes me informaram, o responsável é o Rui Nogueira", disse Nelson Biondi, responsável pelo marketing geral da campanha tucana. A declaração foi feita após o final de reunião em São Paulo entre Biondi e o publicitário Nizan Guanaes, que responde pelo comando da criação da campanha de Serra.
Ouvido pela Folha, Rui Nogueira, um dos assessores de comunicação de Ciro, nega participação no caso. "Respeito e lamento o desespero que toma conta de uma campanha derrotada. É muito mais fácil acusar a assessoria de um candidato vitorioso do que assumir a responsabilidade pelo fracasso de seu candidato."
O deputado Antonio Kandir (PSDB-SP), que colaborou na parte macroeconômica do programa de Serra, diz que "não há lógica nem cabimento" nos boatos . Ele, no entanto, disse acreditar ser quase impossível descobrir de onde partiram os rumores. "Não sabemos avaliar, mas é uma coisa absolutamente plantada."
Na avaliação dos tucanos, não faz sentido qualquer rumor de renúncia porque ainda faltam quase dois meses para as eleições e Serra tem mais tempo no horário eleitoral do que qualquer outro candidato a presidente.
O presidenciável costuma dizer que só vai considerar as pesquisas quando o horário eleitoral estiver "bem avançado". Ele e sua equipe acreditam que o eleitor só vai definir o voto a partir do início da segunda metade de setembro.
Segundo amigos do candidato tucano, a renúncia não faz parte do estilo dele, que enfrentou situações delicadas no Ministério da Saúde e na disputa interna do partido pela candidatura.
"Não tem pé nem cabeça. Depois do acordo com o FMI, quem apostou contra o real e estava perdendo dinheiro precisava de um novo boato para especular", disse João Roberto Vieira da Costa, o principal assessor de Serra na campanha.
O que João Roberto nem Serra dizem claramente é o que o tucano paulista fará se perceber, em meados de setembro, que realmente não tem chance de vitória. Clara está a opção do candidato para um segundo turno sem ele: Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na chegada de Serra ontem à noite ao seu comitê de campanha de São Paulo houve tumulto. Um jornalista caiu e, no meio do empurra-empurra que se formou, umas das coordenadoras de mobilização do tucano deu um soco em um cinegrafista da TV Cultura, que não quis se identificar.
Em seguida, alguns seguranças partiram para cima dos jornalistas. Depois, Serra se desculpou pelo incidente com os jornalistas.
(JULIA DUAILIB, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, PATRÍCIA ZORZAN e RAYMUNDO COSTA)



Texto Anterior: Ciro é "fanático por dólar", afirma tucano
Próximo Texto: Serra não criou seguro-desemprego
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.