São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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Ministro diz que país "surfa no denuncismo"

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que o Brasil "surfa uma onda de denuncismo" e defendeu que os papéis do Ministério Público, da polícia e da imprensa devem ser "pensados" para que haja o "mínimo de sensatez".
"Estamos realmente surfando uma onda de denuncismo no Brasil. Denúncias assim, que não têm aquela cautela da averiguação, que destroem reputações de pessoas, colocam pessoas numa situação defensiva", afirmou, após cerimônia do lançamento da Força Nacional de Segurança Pública, ontem, em Brasília.
Superior hierárquico da Polícia Federal, o ministro da Justiça foi o terceiro integrante do primeiro escalão do governo a descrever a existência de "denuncismo" no país nas últimas semanas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro, seguido pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, dias depois.
Lula chamou a atenção de uma platéia de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na posse do diretor do órgão para que os servidores evitassem repassar denúncias infundadas para a mídia. Na semana passada, foi a vez de Dirceu diagnosticar "denuncismo" quando a revista "Veja" divulgou supostas irregularidades fiscais cometidas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Cássio Casseb, presidente do Banco do Brasil, também foi acusado de irregularidades em transações financeiras internacionais. O banco é acusado ainda de comprar ingressos de um show que reverteria parte da arrecadação para a nova sede do PT.
Ao falar da atuação de procuradores, policiais e jornalistas, o ministro foi sutil e pediu "sensatez". "Acho que é preciso pensar nisso com seriedade, uma tarefa também complexa. O papel do Ministério Público tem que ser pensado, o papel da polícia, o papel da imprensa. É claro que não se pensa em coibir nenhuma dessas atividades, mas é preciso que haja um mínimo de sensatez."
Advogado criminalista por 45 anos antes de assumir a pasta, Bastos ressaltou que é preciso impedir "que se jogue a reputação das pessoas no lixo, a troco de interesses que não se saibam quais sejam". O PT, por anos, aproveitou-se de acusações não comprovadas, usando-as como discurso de oposição, principalmente à gestão FHC. Indagado sobre a parcela de responsabilidade do PT no "denuncismo", Bastos esquivou-se. "Nunca ajudei nisso."


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