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Ministro diz que país
"surfa no denuncismo"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, afirmou ontem
que o Brasil "surfa uma onda de
denuncismo" e defendeu que os
papéis do Ministério Público, da
polícia e da imprensa devem ser
"pensados" para que haja o "mínimo de sensatez".
"Estamos realmente surfando
uma onda de denuncismo no Brasil. Denúncias assim, que não têm
aquela cautela da averiguação,
que destroem reputações de pessoas, colocam pessoas numa situação defensiva", afirmou, após
cerimônia do lançamento da Força Nacional de Segurança Pública,
ontem, em Brasília.
Superior hierárquico da Polícia
Federal, o ministro da Justiça foi o
terceiro integrante do primeiro
escalão do governo a descrever a
existência de "denuncismo" no
país nas últimas semanas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
foi o primeiro, seguido pelo ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, dias depois.
Lula chamou a atenção de uma
platéia de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na
posse do diretor do órgão para
que os servidores evitassem repassar denúncias infundadas para a mídia. Na semana passada,
foi a vez de Dirceu diagnosticar
"denuncismo" quando a revista
"Veja" divulgou supostas irregularidades fiscais cometidas pelo
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
Cássio Casseb, presidente do
Banco do Brasil, também foi acusado de irregularidades em transações financeiras internacionais.
O banco é acusado ainda de comprar ingressos de um show que reverteria parte da arrecadação para
a nova sede do PT.
Ao falar da atuação de procuradores, policiais e jornalistas, o ministro foi sutil e pediu "sensatez".
"Acho que é preciso pensar nisso
com seriedade, uma tarefa também complexa. O papel do Ministério Público tem que ser pensado, o papel da polícia, o papel da
imprensa. É claro que não se pensa em coibir nenhuma dessas atividades, mas é preciso que haja
um mínimo de sensatez."
Advogado criminalista por 45
anos antes de assumir a pasta,
Bastos ressaltou que é preciso impedir "que se jogue a reputação
das pessoas no lixo, a troco de interesses que não se saibam quais
sejam". O PT, por anos, aproveitou-se de acusações não comprovadas, usando-as como discurso
de oposição, principalmente à
gestão FHC. Indagado sobre a
parcela de responsabilidade do
PT no "denuncismo", Bastos esquivou-se. "Nunca ajudei nisso."
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