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Ex-tesoureiro diz que vai cobrar PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto, disse que cobrará do
PT a devolução do dinheiro próprio que usou para quitar uma dívida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Folha - Em nota, o PT atribuiu ao
sr. o pagamento da dívida do presidente da República. O sr. confirma?
Paulo Okamotto - Por ocasião da
rescisão [do contrato de Lula] do
partido, eu fui procurador dele
[Lula] para receber a rescisão dele. No pré-cálculo que me apresentavam, havia umas coisas que
eu achava que o partido deveria
pagar. Tinha um saldo de viagens
internacionais e tinha descontos
da passagem da Marisa, um empréstimo feito em 97, e eles não tinham comprovantes.
Eu rejeitei os descontos, as despesas que foram apresentadas
eram decorrentes da representação política de Luiz Inácio Lula da
Silva. E eu achava que o partido tinha de arcar com aquilo.
Isso passou e o pessoal me cobrou de novo. E aí discuti de novo.
E fui informado com mais detalhes de todo o processo contábil.
Isso envolve fundo partidário, e
fundo partidário não pode cobrir
certas despesas. O partido alegou
que estava em dificuldade financeira, que não tinha dinheiro, e eu
providenciei o pagamento.
Folha - O sr. pessoalmente pagou
pelo presidente?
Okamotto - Passei dinheiro para
o partido assumir essa responsabilidade porque eu achava que o
presidente não devia pagar.
Folha - O sr. usou dinheiro seu?
Okamotto - Eu dei o dinheiro para o partido, para ele resolver essa
questão. Foi isso o que eu fiz, eu
providenciei os recursos. Tirei recursos da minha conta pessoal.
Folha - E os R$ 29 mil não fazem
falta para o sr.?
Okamotto - Na verdade é menos,
porque US$ 3.500 já faziam parte
das verbas recebidas a título de
adiantamento de viagem. Esses
R$ 29 mil são um conjunto de coisas. Tem R$ 5.000 referentes a um
empréstimo. Na verdade [foi]
uma ajuda na campanha em 97, o
Lula nunca pegou empréstimo.
R$ 9.000 e poucos referentes a
adiantamento de viagens ao exterior e a outra parte referente a despesas com saúde.
Folha - O sr. não é autor dos pagamentos que o PT lhe atribui?
Okamotto - Eu providenciei os
recursos para o partido pagar. Eu
dei o dinheiro, como eu contribuo
com o partido com um dízimo.
Folha - O sr. não foi pessoalmente
ao banco?
Okamotto - Não fui ao banco.
Simplesmente providenciei os recursos.
Folha - Na época, o sr. contou ao
presidente, seu amigo?
Okamotto - Não contei, não comentei nada com ele. Primeiro,
você imagina, em 2003, o seguinte
cenário: você assumindo o governo, eu via pouco o presidente, não
ia ficar enchendo o saco dele com
uma coisa como essa. Aí quando
houve a necessidade de acertar, eu
achei que o partido deveria pagar.
Como eu acho até hoje. O partido
não tinha dinheiro para resolver
essa questão e eu providenciei os
recursos. Eu acho ainda que o
partido deve pagar.
Folha - O sr. vai cobrar do PT?
Okamotto - No momento oportuno, quando o partido tiver dinheiro, vou cobrar.
Folha - O sr. espera receber?
Okamotto - Eu posso simplesmente deixar de contribuir até
atingir o montante de R$ 20 mil.
Folha - O presidente é seu amigo?
Okamotto - Eu o conheço desde
76, já comi na casa dele muitas vezes, já dividimos muito rango.
Sempre que posso e ele me dá
uma colher de chá, a gente conversa um pouco.
(MS e RV)
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