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Cubanos queriam desertar desde 2004, diz alemão
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo alemão que diz ter
organizado a deserção de boxeadores cubanos no Pan do
Rio afirma que a intenção deles
de abandonar Cuba começou
em 2004 e, para mostrar que a
dupla havia premeditado a deserção, lança mão de um contrato assinado pelos pugilistas.
"[Guillermo] Rigondeaux já
tinha pré-contratos com os intermediários assinados desde
2004 e [Erislandy] Lara, desde
2006. E agora, quando estive
no Rio, assinaram com a Arena
Box Promotion", afirmou à Folha o alemão Rafael Viena, do
escritório de advocacia WZR,
que é contratado pela empresa
promotora Arena Box Promotion. A reportagem também obteve uma cópia do contrato.
Segundo Viena, Rigondeaux
foi abordado por intermediários, e assinou pré-contrato durante os Jogos Olímpicos de
Atenas. Lara, que compete na
categoria até 69 kg, fez o mesmo dois anos depois, durante
viagem da delegação à Europa.
"Os intermediários não estão
gostando nada dessa versão
[que dá conta de que os boxeadores foram drogados e forçados a fazer o que não queriam].
Eles estão preocupados com
sua reputação", disse Viena.
Os contratos entre o turco
baseado na Alemanha Ahmet
Öner, da Arena Box Promotion,
e Rigondeaux e Lara se estendiam de 26 de julho passado,
quando foram assinados, a 26
de julho de 2010. Previa ainda
possibilidade de extensão do
contrato por mais dois anos.
O documento determinava
que Öner teria participação de
35% no total dos ganhos da dupla que resultassem de suas atividades desportivas, acertos de
patrocínio, promoção e publicidade, e demais atividades comerciais. O percentual está na
média adotada pelo mercado.
O advogado diz que a dupla
recebeu soma considerável antes de assinar. "Os intermediários deram a cada um 10 mil
(cerca de R$ 26 mil). Quando
cheguei no Brasil para ir ao
consulado da Alemanha, dei
mais 5 mil (cerca de R$ 13
mil) a cada um. Estavam desconfiados e disse a eles para falar por telefone com [o desertor] Odlanier Solis, que disse
para ir em frente."
A reportagem contatou ontem à tarde o consulado geral
da Alemanha no Rio. Foi informada de que a assessora não
estava e não retornaria.
Além de Solis, a Arena Box
tem sob contrato outros cubanos que desertaram em dezembro, na Venezuela: Yan Barthelemy e Yuriolki Gamboa.
Viena questionou também o
procedimento da Polícia Federal. Segundo ele, os brasileiros
que estavam com os cubanos
na PF informaram que autoridades perguntaram a Rigondeaux e Lara se gostariam de ligar para suas famílias em Cuba.
"Me informaram que na hora
em que falaram com seus familiares ficaram pálidos. A namorada de Rigondeaux lamentou
que o governo já havia tomado
o carro e o apartamento onde
ela morava. Nunca ouvi falar
que a polícia oferece ligações
para falar com as famílias", disse Viena. "[Eles] foram inocentes. Ouviram os lamentos e
mudaram de idéia. Se soubessem que seriam proibidos de
lutar, duvido que voltariam."
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