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Senado banca viagem de filha de tucano a NY
Advogada Helena Guerra acompanhou o pai, presidente do PSDB, em 2007; diárias foram bancadas com dinheiro público
Sérgio Guerra diz ter sido acompanhado em exames médicos nos EUA e que, caso cobrado, devolveria diárias, que totalizaram R$ 4.580
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A filha do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio
Guerra (PE), viajou para Nova
York com as despesas pagas pelo Senado. A advogada Helena
Olympia de Almeida Brennand
Guerra foi para os Estados Unidos em fevereiro de 2007 e gastou R$ 4.580,40 em diárias pagas com dinheiro público.
A Folha teve acesso a um relatório da Secretaria de Controle Interno do Senado que
pediu a devolução dos recursos. O documento foi entregue
em fevereiro de 2008 e consta
no relatório da Tomada de
Contas do Senado já entregue
ao TCU (Tribunal de Contas da
União). O relatório do controle
interno do Senado é embasado,
sobretudo, na lei 8.112/1990.
"O pagamento é devido exclusivamente a servidor público
designado para missão oficial
ou para colaborador eventual
no exercício de missão oficial",
diz o documento.
"Portanto, o pagamento de
diárias a Helena Olympia de
Almeida Brennand, que não é
servidora do Senado nem colaboradora eventual, infringiu as
referidas normas", dizem os
técnicos do Controle Interno.
Segundo o relatório, o senador viajou para Nova York em 5
de fevereiro de 2007 para realizar uma série de exames. Helena foi um dia depois. Ambos
voltaram no dia 11.
A viagem foi autorizada pelo
então presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
que administrou a Casa entre
fevereiro de 2005 e dezembro
de 2007. Os dados constam no
processo 011800-70.
Sérgio Guerra discorda de ter
cometido irregularidade e afirma que, se tivesse sido cobrado,
teria devolvido o dinheiro gasto com as diárias da filha.
O relatório foi encaminhado
ao então diretor da Secretaria
de Controle Interno, Shalom
Granado. Ele discordou da recomendação dos técnicos, mas
não deixou claro em seu despacho em que instrumento legal
baseou a decisão de não cobrar
a devolução do dinheiro.
Os técnicos do Controle Interno não abordaram o pagamento das passagens de Helena Guerra. Isso porque até
abril deste ano os congressistas
podiam gastar como quisessem
suas cotas de passagens aéreas.
Hoje, um bilhete para Nova
York custa cerca de R$ 2.000.
Após a revelação de que deputados e senadores davam
passagens para parentes, amigos e assessores, o Senado e a
Câmara resolveram estabelecer regras mais rígidas para o
uso da cota. A medida foi tomada também por determinação
do Ministério Público Federal.
Além do caso do tucano, outros nove processos foram analisados. A lista inclui mais quatro senadores: Romeu Tuma
(PTB-SP), Magno Malta (PR-ES), Edison Lobão (PMDB-MA) e Renato Casagrande
(PSB-ES). Os técnicos relataram que os dois últimos não
apresentaram os cartões de
embarque, o que impede a verificação exata do número de
diárias concedidas. A análise
foi feita por amostragem.
O relatório diz que, em 2007,
o Senado gastou R$ 843.532,60
com pagamento de diárias. No
Brasil, foram gastos R$
361.700,50. Já no exterior, o
Senado pagou R$ 418.832,10.
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