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ALTAR ELETRÔNICO
Avanço da Universal nos meios de comunicação desencadeia luta por concessões de rádios e televisões
Igrejas disputam 'guerra santa' por TVs
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O avanço da Universal do Reino
de Deus nos meios de comunicação, iniciado há nove anos, desencadeou uma "guerra santa" entre
as igrejas, na qual cada uma luta
para montar seu próprio império
de rádio e televisão.
A Assembléia de Deus, maior
igreja evangélica do país, fez chegar ao ministro Sérgio Motta (Comunicações) o desejo de montar
um canal nacional de TV com programação gerada em São Paulo.
A Igreja Católica, que desde a década de 50 concentrava seu poder
de fogo em rádios, reverteu a estratégia e as dioceses se mobilizam
para financiar a implantação da
Rede Vida para colocar seu sinal
no ar em todas as capitais até outubro. O objetivo é transmitir ao vivo
a vista do papa João Paulo 2º.
Igrejas mais jovens, como a Renascer em Cristo, que inaugurou
um canal de TV em UHF em São
Paulo no final de 96, crescem com
o uso da mídia eletrônica.
Quem não dispõe de recursos
para montar uma geradora própria recorre à transmissão direta
via satélite para chegar a 5 milhões
de parabólicas em todo o país.
O bispo Edir Macedo, fundador
da Universal, tem 18 emissoras geradoras de TV, das 259 do país -1
em cada 14 concessões. E dá sinais
de que não vai parar tão cedo.
Membros da cúpula da Universal
confirmam que se preparam para
montar uma segunda rede -a TV
Família-, só com programação
religiosa, nos moldes da Rede Vida, da Igreja Católica.
Com isso, a Record ficará liberada da programação religiosa (que
será restrita à madrugada) para
disputar o mercado comercial com
as demais emissoras. O canal religioso da Universal vai copiar até a
estrutura da TV católica.
A Rede Vida, construída a partir
de uma pequena geradora -TV
Independência, de São José do Rio
Preto (SP)-, vai se tornar nacional com a instalação de retransmissoras em todo o país, financiadas pelas dioceses.
Oficialmente, a Rede Vida não
pertence à Igreja Católica, assim
como não há vínculo das 18 emissoras da Record com a Universal
-as concessões estão em nome de
empresas criadas por bispos e parlamentares ligados a Edir Macedo.
O único vínculo formal entre a
Igreja Católica e a Rede Vida é um
contrato assinado entre o Inbrac
(Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã) e João Monteiro Barros
Filho, diretor da Rede Vida, onde
ele e seus descendentes se comprometem a não vender a emissora.
Amparadas nesse contrato, as
dioceses vão investir cerca de R$
50 milhões para instalar as antenas
retransmissoras. Segundo Monteiro, o ministério já autorizou 310
retransmissoras para a Rede Vida e
outras 146 estão em análise.
Um dos principais dirigentes da
Universal disse à Folha que a nova
rede será financiada pelos seus 25
bispados, como na Rede Vida.
O dirigente, que prefere não ser
identificado, diz que a programação religiosa dificulta a conquista
de afiliadas para a Record, pois
não atrai anúncios. "Estamos entre a cruz e a espada. Como não
podemos comprar todas as TVs
brasileiras, a saída é montar uma
outra rede só para religião", disse.
A Universal reina absoluta na
guerra eletrônica e a cada dia cresce o império de Edir Macedo. Só
neste ano, comprou as TVs Itapuã
(BA) e Norte Fluminense (RJ). A
primeira teria custado R$ 30 milhões. A segunda, R$ 4 milhões.
A Igreja Assembléia de Deus,
com duas geradoras de TV (em Belém e em Manaus) e um canal via
satélite (Jesus Sat), que pode ser
captado por parabólicas, ambiciona um canal em rede nacional.
O pastor José Wellington Bezerra
da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembléias de
Deus, diz que foi a Brasília "pessoalmente levar o pedido". A igreja
também negocia a compra do canal da Manchete em Brasília.
Costa diz que sua igreja tem 130
mil templos e 20 milhões de fiéis
no Brasil. E explica por que quer
uma TV nacional: "Com a mídia,
vamos mais longe e mais rápido".
O satélite, por outro lado, tornou-se a grande opção das igrejas
que não dispõem de recursos para
comprar uma geradora de TV,
com a vantagem de que alcançam 5
milhões de famílias em todo o país.
É o caso do movimento Renovação Carismática, da Igreja Católica, que em maio lançou canal próprio via satélite, e da Igreja Adventista do 7º Dia, que ainda quer conseguir um canal nas TVs a cabo.
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