São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Presidenciável petista diz que Brasil não é 'republiqueta'; em Salvador, reiterou promessa de poupar adversários

Lula recusa observadores para a eleição

João Wainer/Folha Imagem
Lula recebe chuva de pipocas jogadas por baianas durante encontro com militantes de entidades do movimento negro, em Salvador


FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ser contrário à presença de observadores internacionais nas eleições do mês que vem, como foi sugerido por Ciro Gomes (PPS).
"O Brasil não pode ser tratado como uma republiqueta. O Brasil é um país grande, que deve ser respeitado", declarou ontem.
Lula defendeu ainda que toda suspeita de irregularidade para beneficiar qualquer dos candidatos seja investigada, mas afirmou que a própria sociedade tem condição de fazer isso.
O PT tem adotado uma atitude de cautela na polêmica levantada por Ciro, de que a Justiça Eleitoral estaria favorecendo a candidatura governista, de José Serra (PSDB). Não interessa ao partido, ao menos no momento, partir para o confronto ou colocar em suspeição o processo sucessório.
O comando de campanha de Lula não acredita que até agora haja fundamento nas denúncias de Ciro, de que a Justiça é parcial.
Mas os petistas estão atentos: o comportamento dos tribunais nos Estados está sendo analisado e, caso se comprove campanha sistemática contra a oposição, o PT poderá endurecer o discurso.
Internamente no partido, também não há confiança absoluta na infalibilidade do sistema eletrônico de votação, como já deixou claro Lula anteriormente.
O petista esteve na Bahia ontem para o lançamento do seu programa de governo para combate ao racismo, que tem como eixo principal ações afirmativas para dar aos negros melhores oportunidades de estudo e emprego, como o estabelecimento de cotas.
Em um auditório com cerca de mil pessoas, Lula prometeu, se não eliminar, ao menos reduzir as ocorrências de racismo. Uma das faixas no evento lia: "Racismo é crime, Ciro na cadeia", em referência a recente bate-boca havido entre o candidato e um estudante negro em Brasília.
À imprensa, Lula negou estar preparando uma estratégia para vencer a eleição já no primeiro turno. "Acho difícil um candidato de oposição vencer no primeiro turno neste país. Quero ter o maior número de votos possível, mas peço à militância que aja como se o jogo estivesse empatado."
Ele também voltou a prometer evitar ataques a seus adversários na atual campanha e incluiu na lista o presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual governo. "Não pretendo falar mal nem do presidente nem do governo."
Apesar da versão oficial do candidato, deve ocorrer uma intensificação das críticas ao legado do atual governo no programa de TV de Lula, parte da estratégia para tentar vencer no primeiro turno.
O petista, ao comentar a iminência de um ataque norte-americano ao Iraque, disse que o presidente dos EUA, George W. Bush, está equivocado ao não procurar apoio de outros países. "Temo que, no afã de eliminar Saddam Hussein, a ação acabe causando inúmeras mortes", disse. Ontem à noite, Lula faria um comício em Salvador.


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