São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Para tucano, Marta foi "infeliz" ao dizer que vitória do PSDB ameaça estabilidade política

"Discurso do medo" revela PT antidemocrático, diz Serra

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato a prefeito do PSDB em São Paulo, José Serra, disse ontem que a prefeita Marta Suplicy (PT) foi "infeliz" ao afirmar que a vitória tucana na capital ameaça a estabilidade política do país. O candidato evitou comentar os motivos que podem ter levado a prefeita Marta a endurecer os ataques ao PSDB anteontem.
Ele, porém, analisou o episódio como exemplo de ato antidemocrático. "Inegavelmente, um episódio infeliz, porque revela resistência a um dos pilares da democracia, que é a possibilidade da alternância no poder. E ela [Marta] parece ter resistência a essa idéia."
Questionado se acreditava que o PSDB passaria a representar o "medo" nestas eleições, ele respondeu: "Essa coisa de esperança e medo foi truque eleitoral bastante eficaz na época. Mas, a meu ver, não dizia muita coisa, e eu não vou utilizá-lo", declarou.
O bordão "a esperança venceu o medo" foi usado pelo PT nas eleições presidenciais de 2002 para responder aos ataques de tucanos que afirmavam que uma vitória petista faria o Brasil virar uma Argentina -que amargava sua pior crise econômica da história.

Estratégia do medo
Serra disse ainda que a estratégia da tese do "medo" nunca foi usada pelo PSDB. "Nunca foi dito que, caso o Lula ganhasse, o [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso] iria boicotá-lo. Pelo contrário, o Fernando Henrique fez a passagem da forma mais civilizada e confortável para o novo governo. O que está sendo dito agora é que, se o PSDB ganhar, o governo Lula vai discriminar São Paulo, coisa que eu não acredito", afirmou Serra, em campanha no bairro Pinheiros (zona oeste).
Nas disputa pela Presidência em 2002, a campanha de Serra levou ao ar a atriz Regina Duarte afirmando que tinha "medo" de um eventual governo Lula. Os petistas reagiram com o slogan a "esperança contra o medo".

Temas
Antes de iniciar os ataques, o candidato tentou fugir do debate dizendo aos jornalistas que "esse debate não leva a nada". Em seguida, Serra convocou a prefeita a discutir temas que interessam à população de São Paulo.
Ele mencionou então três pontos: o aumento dos gastos com as obras dos túneis nos Jardins, que tiveram os valores aumentados ("elas custavam R$ 150 milhões e foram revisadas para R$ 220 milhões"), o problema da taxa de iluminação ("todo mundo está pagando, mas em muitas ruas não tem iluminação pública") e, por fim, a proposta de municipalização da Sabesp, que, de acordo com ele, perturbaria a distribuição de água.
(RICARDO BRANDT)


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