São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Medo de ser feliz

- A economia do Brasil floresce.
Era o título da reportagem de jornais como "Miami Herald" e "San Jose Mercury News", que formam a maior cadeia dos EUA, a Knight Ridder.
Seguiam-se dados de exportações, indústria etc., mais o comentário de que até os furacões na Flórida "certamente vão beneficiar os brasileiros".
E havia mais, ontem. O "Financial Times" destacou que a agência Moody's "elevou a nota do Brasil". O analista de um fundo disse que "o Brasil é um crédito excelente".
Na Globo, Míriam Leitão relatou conversa com o presidente do Banco Central:
- Henrique Meirelles me disse que o mais importante, na venda dos títulos [anteontem], é que mostra que o país está entrando no crescimento sustentado, no círculo virtuoso.
E o Valor On Line anunciou que o risco Brasil caiu de novo. A Jovem Pan deu que o "emprego na indústria tem o melhor resultado desde 95". Nas manchetes do Jornal Nacional:
- Indústria cresce pelo quinto mês seguido.
E do Jornal da Record:
- Emprego, produção e vendas crescem na indústria.
Se parasse por aí, este poderia parecer um país que vai para a frente. Mas o "Financial Times" avisou, em outro texto:
- Inflação em alta faz sombra à recuperação do Brasil.
Citava os últimos números, mas faltou um que saiu depois. Boris Casoy, na Record:
- Inflação pelo IGP sobe mais que o esperado e faz subir aposta de alta nos juros.
O Valor On Line jogou a pá de cal no fim da tarde, avisando que boa notícia nenhuma pôde "reverter o mau humor no pregão". A Bolsa caiu com "a perspectiva de aumento da inflação" -e dos juros.
No dizer do "Miami Herald", "se há uma mosca na história, é que os juros devem subir para segurar a inflação".
Nada de ser feliz, portanto.

O IMPLICANTE

Reprodução
No site do "Clarín", visita virou manchete

Nos sites brasileiros, o encontro passou quase despercebido. Mas na Argentina parecia não existir outro assunto. A presença do ministro Roberto Lavagna em Brasília foi manchete o dia todo no "La Nación", "Clarín", "Ámbito Financiero". Falava-se de Lavagna, do ministro brasileiro Luiz Furlan, das declarações diplomáticas de ambos -e, paralelamente, lia-se que o presidente Néstor Kirchner voltou ontem a cobrar um desenvolvimento "igualitário", discursando a empresários.
Enquanto Furlan acenava com dinheiro do BNDES, segundo a BBC Brasil e o Valor On Line, Kirchner e sua "implicância" -expressão da Globo- repisavam a "decisão de defender nossa indústria e nossa produção".

Duda e o guaraná
Lula posou com os atletas, mas a cerimônia e a cobertura pela televisão, praticamente restrita à Record, foram contidas.
O nacionalismo "à la Duda Mendonça", de chuteiras, estava em outra parte. Segundo a Globo On Line, a Ambev contratou o marqueteiro de Lula para o seu guaraná, que patrocina Ronaldo e a seleção de futebol.

No ar, fritura
Foi a primeira manchete do Jornal Nacional, em tom crítico -e ganhou até comentário acusatório de Franklin Martins.
O amontoado de más notícias e opiniões sobre o ministro Patrus Ananias, sobretudo na Globo, prenuncia o que sites como o abcpolitiko.com.br começam a dar como quase certo: ele está para perder o cargo.

LIBIDO ELEITORAL

Reprodução
Depois da rede CBS, ontem o "New York Times", "Washington Post", "Los Angeles Times", "USA Today", CNN e até a Fox News destacaram o controverso histórico militar de George W. Bush, com provável impacto na campanha.
Vem mais por aí. O "NYT" noticiou que a Casa Branca montou uma operação para conter a cobertura do lançamento de um livro sobre a família Bush (capa acima), assinado pela biógrafa de celebridades Kitty Kelley. Já ligaram para o presidente da NBC e distribuíram instruções a radialistas pró-republicanos. Pelo que corre na internet -e o "NYT" mencionou-, o livro traz detalhes "libidinosos" do clã na Casa Branca.


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