São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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PT e "traições" vão definir caso Renan

Nas contas de aliados do senador e oposicionistas, entre 8 e 12 votos estão em aberto para a votação de quarta

Líderes do PMDB apostam em até 7 votos pró-Renan do DEM e outros 3 do PSDB; já a oposição espera 5 ou 6 votos de petistas pela cassação

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados de Renan Calheiros (PMDB-AL) e líderes da oposição afirmam que os votos do PT e o tamanho da "traição" nas bancadas do PSDB e do DEM serão definitivos no resultado da votação da cassação do presidente do Senado, na quarta.
Em ambos os lados, a avaliação é similar, embora nem sempre os nomes coincidam: há, hoje, uma margem de 8 a 12 votos em aberto, que podem mudar o jogo na última hora.
A contabilidade dos aliados de Renan, que já foi otimista ao prever a repetição do placar que o elegeu presidente da Casa (51 a 28), hoje aponta vitória apertada. As planilhas contam com votos de até sete senadores do DEM e três do PSDB.
Constam da lista elaborada por líderes do PMDB os senadores do DEM: Efraim Morais (PB), Edison Lobão (MA), Adelmir Santana (DF), Romeu Tuma (SP), Heráclito Fortes (PI), ACM Júnior (BA) e Maria do Carmo (SE). No PSDB: Flexa Ribeiro (PA), Papaléo Paes (AP) e João Tenório (AL).
Nas contas dos peemedebistas, somente 2 dos 12 senadores do PT não ficarão ao lado de Renan: Eduardo Suplicy (SP) e Augusto Botelho (RR).
"A margem para a absolvição será de oito ou dez votos. Ninguém tem a convicção de culpabilidade dele", afirma o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).

Desfecho
O desfecho do caso está marcado para as 11h de quarta-feira, em sessão e votação secretas no plenário. Para que seja aprovada a perda do mandato são necessários 41 dos 81 votos.
Pela previsão da oposição, só na bancada do PT são esperados cinco ou seis votos pela cassação: Suplicy, Botelho, Delcídio Amaral (MS), Flávio Arns (PR), Paulo Paim (RS) e Aloizio Mercadante (SP), cujo discurso é considerado dúbio.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), descartam uma "traição" expressiva em suas bancadas. Pressionados, Papaléo e Flexa declararam que não vão contrariar o partido.
Outro fator que pode influenciar são as pressões regionais e o desgaste de participar de uma operação para salvar o mandato de Renan. Nos bastidores, predomina o argumento que este é apenas o primeiro dos três processos que ainda estão pela frente, ou seja, a crise ainda estaria longe do final.
"Houve uma mudança de posição depois do 11 a 4 [pela cassação] no Conselho de Ética. Muita gente viu como uma sinalização, foi a primeira manifestação pública do Senado", afirmou Agripino.
A lista da oposição enumera senadores que já foram pró-Renan mas que mudaram de lado: Magno Malta (PR-ES), Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Expedito Júnior (PR-RO). No caso de Malta, ele enfrentou pressão e perdeu espaço no Estado para o relator Renato Casagrande (PSB-ES), novato na Casa e defensor da cassação de Renan. Garibaldi Alves inclinou-se ao aliado José Agripino. E Expedito Júnior deve ir para o PSDB.
Há ainda a dúvida se o Planalto vai ou não se empenhar para tentar salvar o mandato de Renan de forma mais incisiva, prometendo a liberação de cargos e emendas, por exemplo.
Na quarta, Renan fará um discurso de defesa. Ele dividirá seu tempo com o advogado Eduardo Ferrão. Além de rebater as acusações de ter usado um lobista ligado à construtora Mendes Júnior para pagar despesas pessoais, deve apelar para o corporativismo da Casa.


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