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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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ROLO TRIBUTÁRIO

Em exposição na CCJ do Senado, ministro da Fazenda defende importância de unificar regras do ICMS

Palocci endossa posição de Estados na reforma

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) defendeu ontem o projeto original do governo de reforma tributária e condicionou mudanças defendidas pelo Senado à concordância dos governadores -que já rejeitaram publicamente boa parte das propostas.
Em exposição na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Palocci dedicou atenção especial à principal inovação prevista pela reforma, a unificação da legislação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), maior fonte de receita de Estados e municípios. Palocci começou a sabatina às 10h30 e terminou às 19h20, com um intervalo das 13h30 às 16h.
"A unificação atinge apenas parte do problema, mas é uma parte muito importante", disse Palocci. Pela medida, as 27 legislações atuais (uma em cada Estado e no Distrito Federal) serão substituídas por uma só. Se alteradas pelo Senado, as regras do ICMS voltam à Câmara, dificultando sua aprovação neste ano.
A posição de Palocci é coerente com o recuo ensaiado desde anteontem pelo Senado, que passou a admitir a possibilidade de promover poucas alterações no texto aprovado pela Câmara.
O recuo pode começar pela principal proposta dos senadores: a separação entre o IPI, federal, e o ICMS, pela qual o primeiro tributaria apenas combustíveis, cigarros e bebidas, ficando os demais produtos para o segundo. Os governadores não querem abrir mão do ICMS sobre os combustíveis, que responde por cerca de 20% da arrecadação do tributo.
Palocci elogiou a regra, que, disse, traria um "ganho brutal" para a economia e poderia ser executada com facilidade. Mas ressalvou: "Não é uma questão que deva ser levada a um nível de conflito com os Estados". O ministro foi reticente em relação à idéia do Senado de trocar o repasse de 25% da receita da Cide aos Estados e municípios por uma gestão compartilhada dos recursos: "Eu me atenho àquilo que conversamos com os governadores" -ou seja, o acordo para repasse de verbas.

"Deus é brasileiro"
Ao comentar outra proposta dos senadores, a criação de um mecanismo determinando a queda da carga tributária quando for reduzida a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto, Palocci beirou o sarcasmo. "Considerando que Deus é brasileiro, podemos ter mecanismo de viés de baixa -mas também de viés de alta, se a relação [entre dívida e PIB] aumentar."
Consultado pelo relator da reforma no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), sobre a possibilidade de elevar o Fundo de Participação dos Municípios, foi enfático: "Não vejo como aumentar o FPM sem aumentar a carga tributária".
Das mudanças defendidas pelo Senado, a que mereceu maior incentivo do ministro foi a substituição do Fundo de Desenvolvimento Regional por um percentual mínimo de investimentos federais nas regiões pobres.


Colaborou SÍLVIA MUGNATO, da Sucursal de Brasília


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