São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Ministros criticam "salto alto" de Kassab e "tabu conservador" da elite

Dilma diz que prefeito sentou na cadeira antes da hora; Dulci afirma que cidade não merece um "síndico"

Marta foi conciliadora e lançou o "Compromisso com São Paulo", nos moldes da "Carta ao Povo Brasileiro" que Lula divulgou em 2002


Marlene Bergamo/Folha Imagem
A petista Marta vai à sinagoga acompanhada do marido, Luiz Favre, e posa para foto com eleitor

DA REPORTAGEM LOCAL

Em evento de apoio a Marta Suplicy (PT) ontem em São Paulo, ministros do governo Lula associaram o prefeito Gilberto Kassab (DEM) à "elite", ao "conservadorismo" e até o compararam a um "síndico".
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou que o adversário de Marta "utiliza as primeiras pesquisas para subir no salto alto e sentar na cadeira de prefeito" antes da hora. "É prova de soberba, de elitismo e de descompromisso com a democracia", disse a ministra.
O titular da Justiça, Tarso Genro, também foi duro. "Marta quebrou os tabus mais atrasados e conservadores de uma elite que nunca conheceu sua cidade", afirmou Tarso, sobre o período em que a petista governou a cidade (2001-2004). "Por isso recebeu um brutal preconceito da elite através da maioria da imprensa tradicional", disse.
Marta foi chamada de "líder" que levou o nome de São Paulo para fora do país. "Não podemos ter um síndico conservador dirigindo o destino de uma das maiores metrópoles do mundo", disse Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
Vice de Marta, Aldo Rebelo (PC do B) também usou a imagem do "síndico" e explorou as diferenças com o DEM. "Graças à capitulação de setores do PSDB, São Paulo se transformou no último barco à deriva para os náufragos das forças conservadoras do Brasil."
"Não vou me conformar em ver São Paulo na mão de uma direita disfarçada", disse o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Já o ministro da Cultura e filiado ao PV, Juca Ferreira, criticou a decisão do seu partido de aderir a Kassab. "O PV aqui de São Paulo cometeu um erro: teve uma escoliose à direita."
O escritor Fernando Morais, militante histórico do PMDB, fez o mesmo -sua sigla também apóia o prefeito. "Uma pessoa que vive de fazer biografias como eu não pode sujar a própria biografia. Não voto no PFL [hoje DEM] da ditadura."
Marta foi conciliadora e lançou um "Compromisso com São Paulo", nos moldes da "Carta ao Povo Brasileiro" que Lula divulgou na campanha presidencial de 2002.
No documento, a petista reitera suas promessas, fala na criação de um "Conselho da Cidade", algo parecido com o Conselhão de Lula, para lidar com problemas crônicos do município e chega até a incorporar propostas de Geraldo Alckmin (PSDB), derrotado no primeiro turno.
O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, se licenciará nos próximos dias para ajudar as campanhas do PT em São Paulo e no Grande ABC. Ele diz não se tratar de "intervenção".


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