São Paulo, segunda, 10 de novembro de 1997.




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ELEIÇÕES
Com a imagem desgastada e sem novos líderes para apresentar, legendas investem em artistas e atletas
Partidos apostam em candidatos famosos

LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília


Num momento em que os políticos tradicionais estão com a imagem desgastada e não surgem novos líderes, os partidos buscam conquistar o voto do eleitor lançando candidaturas de artistas famosos, atletas e personalidades de prestígio.
Os nomes de Luiza Brunet, Tim Maia, Bell Marques (do Chiclete com Banana) e Oscar Schmidt poderão estar nas cédulas eleitorais ao lado, por exemplo, de Francisco Dornelles (PPB-RJ) e Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Os dirigentes partidários dizem que as candidaturas de personalidades dos meios artístico e esportivo são "bem-vindas", mas negam que essa seja a estratégia para fortalecimento das bancadas no Congresso e nas Assembléias.
"É legítimo ser candidato, mas não é isso que dá perfil ao partido", afirma o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Aécio Neves (MG). "A popularidade dessas pessoas garante uma primeira eleição, mas não a carreira política."
Os "puxadores de voto" ajudam os candidatos menos votados do partido a se eleger, pois o número de vagas obtidas é calculado por meio do quociente eleitoral -número de votos que o partido recebe dividido pelo número de vagas disputadas.
O partido de Aécio -com projeto de fazer a maior bancada na Câmara- pretende lançar as candidaturas a deputado federal dos ex-jogadores de futebol João Leite (MG) e Roberto Dinamite (RJ). Os dois são deputados estaduais.
Além de prestígio no meio futebolístico, o ex-goleiro do Atlético e da seleção brasileira tem votos entre os evangélicos. João Leite, porém, resiste à idéia de trocar a Assembléia Legislativa pela Câmara dos Deputados.
Também estão na lista do PSDB o cronista Carlos Eduardo Novaes (RJ) e o cantor Fagner (CE).
Fato isolado
Para o presidente nacional do PPB do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf, senador Esperidião Amin (SC), o lançamento dessas candidaturas é um fato isolado e característico de alguns Estados. "Não é uma estratégia do partido", afirmou.
O senador não esconde o entusiasmo de ter a modelo e atriz Luiza Brunet nos palanques do PPB. "Eu ficaria muito feliz em vê-la participando de um comício", disse o senador.
Brunet, amiga do ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio), é filiada ao partido e foi cogitada para ser candidata nas eleições passadas, em Búzios (RJ). O partido gostaria de tê-la na lista de candidatos do Rio à Câmara.
"Se o depoimento de um ídolo das artes ou dos esportes é importante para conquistar votos, imagine o efeito político que causa um candidato desses setores", disse.
Seguindo essa linha, Maluf tratou de buscar aliados com atividades que dão prestígio popular. O ex-prefeito quer ter no seu palanque Oscar, ex-jogador da seleção brasileira de basquete, e Salgadinho, do grupo de pagode Katinguelê.
Na Bahia
O PFL também foi buscar nos grupos musicais que fazem sucesso atualmente um "puxador de votos": Bell Marques, líder do Chiclete com Banana, uma das bandas de maior prestígio no Carnaval baiano.
Bell deverá ser candidato a deputado federal para ocupar o espaço do líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães -o mais votado do Estado, com 138 mil votos-, que concorrerá ao Senado ou ao governo estadual.
"Esse tipo de candidato tem apelo popular, mas, se ele não tiver um projeto consistente na sua área, não vai para a frente", disse o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE).
Segundo o líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), mãe Dinah, suposta vidente que disse ter previsto o acidente que matou os Mamonas Assassinas, será candidata à Assembléia pelo partido.



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