São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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PAINEL

Discurso e prática
Para quem havia declarado na TV não estar nem aí com as CPIs, Lula ralou um bocado ontem. Ao chamar Renan Calheiros e Delcídio Amaral para conversar, o objetivo do presidente era um só: evitar a prorrogação da comissão dos Correios.

Renan, o prestativo
Tratado a pão-de-ló pelo Planalto em recentes liberações de recursos, o presidente do Senado correspondeu prontamente à expectativa, cancelando a sessão matinal do Congresso.

Delcídio, a esfinge
Já o comportamento do presidente da CPI foi descrito como "pendular". Começou o dia dando sinais de colaboração e terminou ao lado do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), endossando a afirmação de que dinheiro do Banco do Brasil abasteceu o "valerioduto".

Aldo, o multiuso
E o presidente da Câmara, com quem Lula pode contar para toda obra, esticou ao máximo a sessão extraordinária da manhã, inviabilizando a leitura do requerimento de prorrogação da CPI dos Correios.

Pela raiz
Do líder do PFL no Senado, José Agripino, sobre a ação do governo: "Lula trabalha para enterrar a CPI que está mais perto de resultados concretos. É o rato mostrando a ponta do rabo".

Tempo quente
Ideli Salvatti (PT-SC) quase colocou fogo na "batcaverna" da CPI dos Correios ao tentar demover Osmar Serraglio de dar nova entrevista coletiva sobre o caso Visanet. As reações beiraram a agressão física, e a senadora acabou por desistir da missão.

Delivery
A CPI vai requisitar à diretoria do BB o resultado completo da auditoria realizada na diretoria de Marketing, ex-domínio do petista Henrique Pizzolato. Segundo o banco, o material ficará pronto por volta do dia 20.

Abafador-geral
A guerra entre as CPIs dos Correios e do Mensalão foi declarada oficialmente ontem. A primeira acusa o relator da segunda, Ibrahimn Abi-Ackel (PP-MG), de ter se convertido em advogado de defesa do conterrâneo Marcos Valério.

Rito sumário
Em 1999, quando o ministro Clóvis Carvalho (Desenvolvimento) achou por bem desqualificar em público a política econômica de Pedro Malan (Fazenda), caiu em menos de 24 horas.

Casa da sogra
Não havia ontem o menor sinal de que o mesmo vá acontecer com Dilma Rousseff (Casa Civil), que declarou ser "rudimentar" o plano de ajuste fiscal de Paulo Bernardo (Planejamento), atingindo por tabela Antonio Palocci (Fazenda). Não rolou nem nota de desculpas.

Ataque especulativo
Um parlamentar da oposição resume o significado do assanhamento da chefe da Casa Civil em meio ao cerco investigativo sobre o ministro da Fazenda: "A Dilma empurrou o Palocci para a beira do abismo".

Veto do alto
Veio do Planalto a ordem para que Alfredo Nascimento (Transportes) recuasse da suspensão da dívida de R$ 120 mi da empresa Libra com o porto de Santos. A medida era combatida pelo PT, em guerra com o PL do ministro para controlar a Codesp, gerenciadora do porto.

Programa de treinamento
A Assembléia Legislativa abrigará, nos dias 17 e 18, o Parlamento Jovem: 94 "deputados" de 15 a 19 anos, escolhidos em escolas do Estado, debaterão projetos como a introdução da disciplina de história de São Paulo no ensino médio.

TIROTEIO

Do deputado Carlos Abicalil (PT-MT), integrante da CPI dos Correios, criticando a oposição e o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), que ontem acusaram o empresário Marcos Valério de fornecer notas frias:
-O desejo de aparecer é tão grande que logo teremos de mudar o nome para "Coletiva Parlamentar de Inquérito".

CONTRAPONTO

Pré-esferográfica

José Serra participou, três semanas atrás, de evento na Fiesp para lançar um projeto social. Ao discursar, o prefeito de São Paulo narrou episódio ocorrido durante uma de suas visitas à periferia da capital.
Dias antes, o tucano dava uma aula na rede municipal de ensino, rotina que adotou na prefeitura. Notando que um dos meninos da sala não parava de conversar com o colega ao lado, resolveu mudá-lo de lugar.
A professora não gostou da intervenção e, educadamente, chamou a atenção do prefeito.
-Quando eu era criança, a gente até apanhava na escola. Vejam como as coisas mudaram-, concluiu Serra na Fiesp.
Luiz Roberto Barradas Barata, secretário estadual da Saúde e amigo de longa data do prefeito, não perdeu a piada:
-Também, Serra, já faz muito tempo. Naquela época a gente ainda usava caneta-tinteiro!


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