|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ameaça de Chávez pode adiar votação de entrada em bloco
Senadores admitem que frase sobre guerra "complica" adesão da Venezuela ao Mercosul
Governistas temem efeito de
declaração contra Colômbia
e EUA; "Chávez atua como
cabo eleitoral do contra", diz
Renato Casagrande (PSB)
ADRIANO CEOLIN
RENAN RAMALHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As declarações do presidente
da Venezuela, Hugo Chávez,
sobre um possível conflito bélico entre seu país e a Colômbia
receberam ontem críticas dos
senadores governistas. Decisivos para aprovar o protocolo de
adesão da país no Mercosul,
eles já cogitam a hipótese de
adiar a votação marcada para
amanhã no plenário do Senado.
"Complicou [a aprovação].
Tem muita gente da base aliada
que não gostou dessas declarações do Chávez. É possível até
que a votação seja adiada por
mais de uma semana", afirmou
o vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF).
Apesar da fala de Chávez, os
senadores governistas devem
votar unidos pela entrada do
país no bloco. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR),
quer votar o assunto o mais rápido possível e até enviou comunicado para que os integrantes da base marquem presença esta semana no plenário.
No domingo, Chávez afirmou
que os líderes militares da Venezuela têm de estar prontos
"para a guerra" e para "defender a pátria" contra futuros ataques dos Estados Unidos por
intermédio da Colômbia. As
declarações foram feitas por
conta da tensão na fronteira
entre os dois países.
O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi aprovado há dez dias na Comissão
de Relações Exteriores do Senado por 12 votos a 5. Na ocasião, pesaram os votos da maioria governista. Por isso, o Planalto estava confiante de que
não haveria dificuldades para a
aprovação em plenário.
Ontem, contudo, os próprios
governistas mostraram-se
preocupados com os efeitos das
declarações. "Chávez atua como cabo eleitoral contrário à
Venezuela no Mercosul", disse
o senador Renato Casagrande
(PSB-ES). "A gente trabalha para tentar retirar os obstáculos e
ele acaba só atrapalhando em
vez de ajudar", completou.
Desde o princípio com posicionamento contrário à Venezuela no Mercosul, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), afirmou que as
declarações de Chávez são "de
absoluta insensatez e despropositadas". "Não há vislumbre
de qualquer hipótese de guerra
no continente. Acho que [essas
declarações] têm outra motivação qualquer", disse.
Responsável por elaborar a
pauta de votações com os líderes dos partidos, Sarney ainda
colocou em risco a apreciação
do protocolo. "Ainda não está
certo de que a votação [no plenário] será nesta semana."
A oposição vai tentar se aproveitar do mal-estar para tentar
adiar a votação. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), porém,
disse que o governo tem maioria de votos se quiser aprovar.
Texto Anterior: Aécio defende que oposição fuja de polarização na eleição de 2010 Próximo Texto: Em minoria, oposicionistas deixam CPI da Petrobras Índice
|