São Paulo, terça-feira, 10 de novembro de 2009

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Ameaça de Chávez pode adiar votação de entrada em bloco

Senadores admitem que frase sobre guerra "complica" adesão da Venezuela ao Mercosul

Governistas temem efeito de declaração contra Colômbia e EUA; "Chávez atua como cabo eleitoral do contra", diz Renato Casagrande (PSB)


ADRIANO CEOLIN
RENAN RAMALHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre um possível conflito bélico entre seu país e a Colômbia receberam ontem críticas dos senadores governistas. Decisivos para aprovar o protocolo de adesão da país no Mercosul, eles já cogitam a hipótese de adiar a votação marcada para amanhã no plenário do Senado.
"Complicou [a aprovação]. Tem muita gente da base aliada que não gostou dessas declarações do Chávez. É possível até que a votação seja adiada por mais de uma semana", afirmou o vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF).
Apesar da fala de Chávez, os senadores governistas devem votar unidos pela entrada do país no bloco. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), quer votar o assunto o mais rápido possível e até enviou comunicado para que os integrantes da base marquem presença esta semana no plenário.
No domingo, Chávez afirmou que os líderes militares da Venezuela têm de estar prontos "para a guerra" e para "defender a pátria" contra futuros ataques dos Estados Unidos por intermédio da Colômbia. As declarações foram feitas por conta da tensão na fronteira entre os dois países.
O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi aprovado há dez dias na Comissão de Relações Exteriores do Senado por 12 votos a 5. Na ocasião, pesaram os votos da maioria governista. Por isso, o Planalto estava confiante de que não haveria dificuldades para a aprovação em plenário.
Ontem, contudo, os próprios governistas mostraram-se preocupados com os efeitos das declarações. "Chávez atua como cabo eleitoral contrário à Venezuela no Mercosul", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES). "A gente trabalha para tentar retirar os obstáculos e ele acaba só atrapalhando em vez de ajudar", completou.
Desde o princípio com posicionamento contrário à Venezuela no Mercosul, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que as declarações de Chávez são "de absoluta insensatez e despropositadas". "Não há vislumbre de qualquer hipótese de guerra no continente. Acho que [essas declarações] têm outra motivação qualquer", disse.
Responsável por elaborar a pauta de votações com os líderes dos partidos, Sarney ainda colocou em risco a apreciação do protocolo. "Ainda não está certo de que a votação [no plenário] será nesta semana."
A oposição vai tentar se aproveitar do mal-estar para tentar adiar a votação. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), porém, disse que o governo tem maioria de votos se quiser aprovar.


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