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Corte compromete meta de gerar empregos
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Os cortes no Orçamento da
União anunciados ontem comprometem a meta de gerar 7,8 milhões de empregos -uma das
principais promessas do programa de governo de Fernando Henrique Cardoso para os quatro anos
de seu segundo mandato.
O programa Brasil em Ação,
uma das principais bandeiras da
campanha eleitoral, vai perder R$
2,8 bilhões, correspondentes a
37,1% do gasto previsto na versão
original do Orçamento de 99. O
investimento total previsto na primeira e na segunda fases do programa caiu de R$ 7,6 bilhões para
R$ 4,8 bilhões.
A geração de empregos prometida no programa de governo está
condicionada principalmente a
investimentos em infra-estrutura
incluídos no Programa Brasil em
Ação e em programas de habitação e saneamento.
Os cortes no Brasil em Ação recaíram principalmente sobre a sua
segunda fase, anunciada por FHC
há exatos 76 dias. Nos 18 projetos
dessa nova etapa, a última versão
do Orçamento propõe cortar 75%
das verbas que tirariam as promessas do papel ainda em 1999.
A verba inicialmente prevista
atingia R$ 659,8 milhões. Os cortes reduziram os investimentos a
R$ 170,8 milhões.
Na ocasião em que os projetos
foram anunciados, o presidente
garantiu que haveria dinheiro para tocá-los. "Nós vamos fazer"
foi o lema da solenidade. Faltavam
40 dias para as eleições.
Já os gastos com saneamento e
habitação, pela nova versão do Orçamento divulgada ontem, vão
cair de R$ 559,3 milhões para R$
119,5 milhões.
Os outros dois pilares do programa -aumento das exportações e
atração de capital estrangeiro- já
haviam sido abalados pela crise financeira internacional.
Rodovias
Os cortes anunciados ontem
atingem principalmente as obras
nas rodovias BR-156 (AP), BR-317
(Acre), BR-230 (PA), BR-364
(MG) e a duplicação das BR-153 e
BR-365, entre o sul de Goiás e o
norte de Minas Gerais e o Porto de
Santos, além da nova etapa da rodovia do Mercosul. Esses projetos
terão corte de 100%.
A obra mais cara do programa, a
construção do trecho oeste do Rodoanel, em São Paulo, terá corte
de mais de 50%.
Dos 18 projetos previstos na nova fase do Brasil em Ação, apenas
três escaparam dos cortes: a ferrovia Transnordestina, a interligação de gasodutos do Nordeste e o
complexo de Cabiúnas, que escoará gás natural da Bacia de Campos.
Desde o início, essas obras foram
planejadas sem contar com dinheiro do Orçamento.
O Ministério dos Transportes
perdeu o maior volume de dinheiro (R$ 767,8 milhões). Mas foram
as obras de saneamento e de habitação as que mais perderam em
termos proporcionais (78,6%, o
equivalente a R$ 439,8 milhões).
Os cortes atingiram o Pass (Programa de Ação Social em Saneamento) e o Projeto Habitar-Brasil,
vinculados ao Ministério do Planejamento. O primeiro financia, a
fundo perdido, a construção de
sistemas de abastecimento de água
e esgoto sanitário em pequenas cidades. O segundo se dedica a melhorar as condições de moradia de
populações de baixa renda.
No programa de governo de
FHC, projetos de habitação e saneamento são responsáveis pela
criação de 600 mil novos empregos. A segunda etapa do Brasil em
Ação deveria gerar outros 600 mil
novos postos de trabalho.
Tampouco ficaram a salvo dos
cortes programas de geração de
renda e qualificação de trabalhadores incluídos no Brasil em Ação.
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