São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2000

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PAINEL

Vivo, muito vivo
O gesto inusitado de Mário Covas ao lançar Tasso Jereissati (CE) como melhor nome do tucanato à sucessão de FHC teve uma motivação muito específica: mostrar a todos, e em especial aos diretamente atingidos por sua fala, que se precipitaram aqueles que o consideraram uma "carta fora do baralho".

Questão de gratidão
Covas e seu grupo acham que José Serra começou a traçar seu vôo presidencial cedo demais. Antes da recidiva do câncer que agora o retira da disputa direta em 2002, Covas já era muito grato à atitude de Tasso, que, discretamente, sempre insistiu em dizer que ele era "o sucessor natural" da cadeira de FHC.

Na poeira
Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência) sumiu no meio da crise da base aliada que paralisa o governo, que não conseguiu evitar nem contornar. A ponto de ninguém mais comentar que o Planalto tem a sua coordenação política.

Tête-à-tête
Serra deve encontrar Tasso Jereissati em Fortaleza, no próximo dia 18. O encontro estava planejado antes de Covas polarizar de vez a disputa entre os dois pré-presidenciáveis tucanos ao declarar apoio ao governador do Ceará. E, oficialmente, nada tem a ver com política.

Saravá, meu pai!
O ministro do STF Marco Aurélio de Mello ficou encantado em recente viagem a Salvador. De volta a Brasília, enviou um cartão ao senador Antônio Carlos Magalhães: "A cidade está maravilhosa. Resultado de sua constante dedicação à Bahia".

Bons tempos
Fernando Bezerra (Integração) encontrou na quarta, em Brasília, o ex-colega de Esplanada José Carlos Dias (Justiça), no restaurante Piantella. E desabafou: "Você é que é feliz... e eu era feliz e não sabia". Encrencado com a Sudam, o ministro tem saudade do Senado.

No colo de Sarney
Além da motivação pessoal, o que move ACM na briga com Jader Barbalho é quebrar a espinha dorsal do atual comando do PMDB. A queda do paraense, segundo se acredita no PFL, detonaria uma reação em cadeia que atingiria desde Michel Temer a Padilha (Transportes).

Lanterna dos afogados
Na festa de 96 anos de Roberto Marinho, Raphael Greca tentou enturmar-se com ACM dizendo ao baiano que ambos estavam no mesmo barco. E explicou: "Parece que o procurador Luiz Francisco também está no seu pé". Resposta de ACM: "Ele não perde por esperar".
Três em um
Luiz Francisco de Souza comanda três investigações que envolvem indiretamente ACM. Duas referem-se à empreiteira OAS. A terceira é sobre Rubens Gallerani, ex-representante da Bahia em Brasília, acusado de enriquecimento ilícito e de traficar influência no Senado.
Pele de cordeiro
Sem Itamar Franco para fazer sombra, Anthony Garotinho (RJ) redobrou os esforços para se filiar ao PSB. Quarta passada esteve com Miguel Arraes. No dia seguinte, ligou para Ronaldo Lessa (AL): "Venho para ser soldado e não general."
Sindicalismo de resultados
Comentário pefelê: toda vez que se fortalece a candidatura de Tasso Jereissati no PSDB, Luiz Antônio de Medeiros (PFL-SP) recua na idéia de ir para o PPS.
Lenha na fogueira
O PT tergiversa, mas planeja apoiar Aécio Neves (PSDB) para presidir a Câmara. Pressuposto da sigla: a eleição do tucano jogaria o PFL contra FHC.
Procura-se um clone
Brincadeira que corre em Brasília: Sarney procura um "Mário Covas" no PMDB. Para tirar o carimbo de ACM de sua candidatura à presidência do Senado. Com Tasso Jereissati deu certo. TIROTEIO
Do advogado Luís Alberto Barroso, sobre a atuação de Gilmar Mendes à frente da Advocacia Geral da União:
- Gilmar é um excelente advogado-geral da União. Agora falta alguém que defenda o interesse público, o que não se limita a proteger o patrimônio.

CONTRAPONTO
Vaga garantida
A piada da semana em Brasília versa sobre a saída de Luiz Felipe Lampreia do Itamaraty.
Um assessor chega ao Planalto e diz a FHC:
- O (Jorge) Bornhausen está interessado em ser chanceler.
- Ótimo. Ele tem experiência. Diga a ele para ficar quieto. Vou considerá-lo.
No dia seguinte, o mesmo assessor volta ao Planalto:
- O Celso Lafer está interessadíssimo no Itamaraty.
- É?! Estou em dívida com o Celso. Diga pra ele não contar nada. Vou considerar...
A cena se repete com outros nomes. A resposta de FHC é sempre igual, conciliadora e evasiva. Até que Ruth Cardoso, que acompanha os diálogos, não se contém:
- Fernando, tá ficando chato isso de você mandar fulano ficar quieto, que vai considerar...
- Ruth, meu bem, fica tranquila porque o lugar é seu!


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